quinta-feira, 21 de junho de 2018

LEMBRANÇAS DA COPA



            Hoje, véspera do segundo jogo do Brasil nesta Copa, meu marido fez macarronada com frango assado. A comida saborosa acompanhada de um pouco de vinho nos fez alegres e fez suscitar lembranças de copas antigas. Não adianta. Quem é mais velho sempre vai se lembrar do passado. Acabou que nos divertimos muito com essas lembranças. Os de minha geração e os mais velhos certamente nunca irão se esquecer da emoção da Copa de 70. Éramos jovens e aquela Copa nos marcaria para sempre.
Na Luiz Viana, todas as famílias já estavam a postos em todo início de jogo. Todas as janelas e portas abertas, televisão no último volume e nós lá torcendo, sofrendo e chorando de alegria e emoção. Em 70 tínhamos ainda a primeira televisão que meu pai comprou em 63, em Pedralva quando pudemos assistir a Ieda Vargas, lindaaa, ser coroada como a primeira brasileira Miss Universo e depois a morte do Kennedy. O mundo chegava até nossa casa e eu já era apaixonada por qualquer um dos filhos do viúvo Ben Cartwright do seriado Bonanza.
Vamos à Copa. Não me lembro se fizemos bandeirinhas para enfeitar a rua, até então não havia este costume. Lembro-me sim de que na Copa de 70, numa manhã que antecedia a um dos jogos, minhas primas passaram pela rua com enfeites tipo fitinha verde e amarela nos cabelos e botões com a bandeira do Brasil na gola do vestido, novidades trazidas pelo irmão mais velho que já trabalhava fora. Ficamos chupando o dedo.   
A cada gol, todas as famílias da Luiz Viana, bem como as de todo o Brasil, saíam gritando pela rua e nos abraçávamos chorando, porém logo tínhamos que voltar para não perder nada do jogo. Depois de um desses gols memoráveis, o seu Zezinho saiu gritando de sua varanda já com o foguete na mão quando caiu de ponta cabeça nos degraus que davam para rua. Ralou um pouco a cara e os cotovelos, mas rindo que dava gosto. Ficávamos histéricos! Que pena que não temos fotos da nossa festa naqueles loucos dias da Copa de 70. A foto que ilustra este texto é de 86, num momento de alegria e expectativa que acabou em decepção. A Argentina levou a melhor e Maradona foi reverenciado como um deus pela sua genialidade.      
Jamais nos esqueceremos do time de ouro de 70, um dos melhores times de futebol de todos os tempos: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piaza, Everaldo, Clodoaldo, Gerson, Jair, Pelé, Tostão e Rivelino. Como esta turma nos fez mais felizes! Não eram astros, eram jogadores na raça, sem os privilégios de hoje, sem penteados extravagantes nem ternos chiquérrimos e caríssimos. Como diz minha irmã, muito dinheiro ou dinheiro de menos sempre dá problema.     
Éramos jovens vivendo num mundo mágico, totalmente diferente dos tempos apocalípticos de agora. Como já li num desses textos que compartilham pelo Face e Whatsapp, não tínhamos cinto de segurança, pegávamos carona na carroceria de caminhão pra ir nadar no rio, chegávamos tarde para dormir. Nossas mães nem ficavam tão preocupadas assim. Acho que naquela época os anjos ainda não tinham desertado da terra. Tragédias aconteciam, mas não havia este grau de maldade que hoje impera.
Meu marido me contou que ele assistiu aos jogos na rua em Belo Horizonte nas televisões de lojas que transmitiam as partidas. Depois pegava o ônibus para ir para casa. Ele ainda não tinha televisão nesta época. Saudades da Copa de 70! Parece até ficção. Os tempos eram difíceis, mas em nosso dia a dia éramos felizes por tudo e por nada! Oscar Wilde dizia: “o único encanto do passado está justamente em ser passado.”     

quinta-feira, 14 de junho de 2018

AMOR



 “Quando escuto seus passos, estremeço sempre como se fosse a primeira vez. E sorrio intimamente: é o príncipe”.

Não. Não posso passar o Dia dos Namorados sem derramar o verbo nestas páginas em branco me implorando pra escrever algo bonito e romântico. O que dizer para quem me diz tudo, mesmo em seu silêncio mais loquaz? Quando nos conhecemos me disse era engenheiro. Tá bom. Depois descobri que era cozinheiro experimentado, feiticeiro do bem, pedreiro e advogado! Chique né? 
Obrigada, querido amor, pela sua inigualável gentileza, por me acolher tão carinhosamente quando chego com cara de pressão 8 por 5, fazendo muxoxos e cheia de chororôs! Aí você diz: tá ruim, mas tá bom! E ainda me faz rir quando me conta que sonhou que estávamos num restaurante chiquetérrimo! E quando veio a conta: dois mil e quinhentos reais, claro, no sonho ou no pesadelo! E complementou: eu nunca sonhei com coisas maravilhosas, no sonho sempre tenho que correr pra não morrer! Sou mais feliz quando sonho acordado com você ao meu lado!
Eu me faço de dengosa, ou será que sou assim mesmo? Não sei. Lá vou eu te lembrando que é dia dos namorados, mas você me enrola dizendo que não somos mais namorados, e vem com a história de que a presença é mais do que presente! Tô brincando, querido amor, presente é o seu indefectível e inabalável bom humor. É o sorriso genuíno estampado em seu rosto dia após dia, faça chuva, faça sol. É um   desses raros sorrisos que não se encontram mais por aí, nem no mundo inteiro, nem em Marte, no Japão ou Plutão. Um sorriso que me desarmou, me conquistou, que fez cair por terra todos meus argumentos de que eu não poderia amar um homem que trazia um chapéu no painel de uma velha camionete. E este sorriso era todo pra mim.
E você chegou amenizando minhas dores, minha nostalgia, aplacando meu desejo de fuga e esquecimento de tristezas, me ensinando a deletar o medo e a salvar os sonhos. Você veio resgatar uma parte perdida de mim sozinha e à deriva por dez mil anos. Desde então meu coração pulsa com batidas desordenadas como crianças felizes e inquietas. Isso deve ser o amor. 
Obrigada, querido amor!  O que mais? Obrigada por matar baratas, jogar a barata morta no lixo (nem morta!), abrir a tampinha do Colgate Pro Alívio (que nunca consigo), obrigada por me abraçar apertado todas as manhãs para dar bom dia! Pela paciência com meus dias sombrios, obrigada por ser um amante tão sôfrego quanto atencioso e gentil. Obrigada por existir!   
Eterno namorado! Eu te amo!