segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

A HUMILDADE DE JESUS

 Folheando meus livros a esmo como quem não procura nada e encontra tudo, nessa tarefa deliciosa, encontrei algo precioso que quero compartilhar com quem me lê. Bom, geralmente, quase sempre grifo as passagens que gosto e exulto quando muitos anos mais tarde, eu tenho a oportunidade de novamente me deliciar com o que leio. Isso agora aconteceu com o livro “Não apresse o rio (ele corre sozinho) de Barry Stevens. Esta autora foi uma psicoterapeuta que brilhou nos anos 70, com a terapia Gestalt.

Mas não é sobre esta terapia que quero falar. Em uma passagem do livro, a escritora se refere a um colega de trabalho como sendo uma pessoa humilde. Diz ela: “... ele tem uma humildade tão maravilhosa. É essa ‘humildade’ da qual Jesus falou, da qual tantos de nós se ressentem porque até mesmo no dicionário ela significa ser piamente dócil e submisso, submeter-se a injúrias, e assim por diante. Nós nos ressentimos do nosso significado da palavra, e com razão. Mas volte e aproxime-se de Jesus, e da tradução da Bíblia para o inglês, e a palavra significa simplesmente ‘gentil e suave’”.

Pronto, “gentil e suave”. Gosto muito dessa tradução porque descreve exatamente como é uma pessoa humilde. Jesus era a verdadeira humildade e quer nos ensinar como ser humilde como Ele: em Mateus 11,28-30, Ele diz: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Ser humilde não significa ser fraco e submisso, mas bondoso e amável, mostrando força, serenidade e autocontrole.

A autora explica melhor porque seu colega era humilde: na comunidade em que estavam, cada um cuidava de seu próprio desjejum. A exceção no início foi o Fritz. Ela preparou o café da manhã para si e para ele algumas vezes, depois não mais. E ela disse a ele que nas duas primeiras vezes ela fez de boa vontade, mas na manhã seguinte ela não se sentiu bem fazendo este, digamos, favor a ele. Ele expressou sua compreensão e aceitação, sem uma única palavra. Mais tarde, naquele dia, ele disse com suavidade e gentileza: vou aprender a preparar meu próprio desjejum. Suave, gentil e neutro, sem bancar o mártir. E ela o ajudou, explicando como fazia para si própria. O interessante é que o lugar onde estavam era dele, ele o havia comprado e assumido o risco.    

Meus amigos que me conhecem sabem que humilde não sou. Pode acontecer de a minha reação aparentar humildade porque nada respondo ou respondo: “tudo bem”. Não vale. Esta reação é apenas exterior, interiormente fiquei muito triste, porém não quis partir para o confronto. Preferível não ser humilde, dando a cara à tapa, o que também já fiz. Fui autêntica, mas não me aliviou, o que me fez crer que a saída é ser humilde de verdade, por dentro e por fora. Penso que só assim, “encontraremos descanso”, como disse Jesus.

Como ser humilde? Procure um terapeuta.

Qual terapeuta? Eu recomendo Jesus.

Sendo boa aluna, como sempre fui, tenho esperança de aprender. Seria meu melhor presente de Natal de toda a minha vida. Santa Teresa dizia que o desapego e a humildade são as Soberanas Virtudes.

“A humildade é o exercício principal da oração – de tudo”.

“Pela humildade traremos Jesus preso por um fio de cabelo às nossas almas. Crede, quem maior a tiver, mais O possuirá”. (Sta. Teresa de Ávila

AUTOBIOGRAFIA


Por fora sou como pareço

Por dentro nem eu me conheço

Falo sozinha, mania que eu tinha

Desde menina

Falo sozinha, falo comigo

Se falta um amigo,

Se me pegam falando

Me finjo cantando

E de canto em canto

Sozinha em meu canto

Rompo num pranto

No entanto

Sou feliz por dentro

E por fora como agora

Embora eu não me conheça

Embora tudo me entristeça

Do cair da noite ao romper da aurora.