Minha
irmã nos mandou um vídeo curtinho, mas belíssimo e tocante. Um bebê
recém-nascido foi colocado no colo da mãe. Não exatamente como o de costume
nesses tempos mais modernos, com o bebê sobre o peito da mãe. Não. Imagina a
mãe já em casa, o bebezinho já mais crescidinho, então a mãe fica recostada na
cama com as pernas dobradas e coloca o bebê em seus joelhos de frente para ela,
para “conversarem”.
Pois
assim foi feito na hora do nascimento, instantes depois, sem cortar o cordão
umbilical. O bebezinho está sujinho ainda, meio sentadinho ou recostadinho de
frente para sua mãe, nos joelhos dela. Ele olha para todos ou tudo à sua volta.
Esboça um sorriso, o primeiro de sua vida. Olha de um lado, depois de outro, como
se estivesse examinando o novo mundo que o cerca, afinal, um novo mundo está
sim se descortinando para ele. É como se ele dissesse: então é assim aqui fora!
Que coisa mais doida! Sua expressão é maravilhosa! Acho que já disse que o
cordão umbilical ainda está intacto, sem ser cortado.
Fiquei
aqui pensando com meus botões: desde que o mundo é mundo, os bebês nasceram e
nascem em cada época e lugar com seu costume. O cordão umbilical é cortado, palmadinhas
são dadas para que seus pulmões se abram. E eles choram e choram forte e todos
se alegram com isso. Logo o bebê é levado, lavado e embrulhado. Até seus
cabelos são penteados. Pronto. Engomadinho. Prontinho para o mundo. E que
mundo, Deus o proteja!
Na
minha época de bebê, eu e muitos e muitos outros bebês éramos apertados em
cueiros, faixas que envolviam a barriguinha até o umbiguinho cair. Depois eles
eram embrulhados em mantas até se transformarem em perfeitos embrulhinhos.
Minha mãe dizia que estávamos choramingando, enjoados até que ela fizesse de
nós os tais pacotinhos e de repente ficávamos calmos e dormíamos.
Pois
este bebezinho de que falo no princípio está livre, sujinho e de cordão
umbilical sem pressa para ser cortado. Ah, esqueci de uma coisa, alguém derrama
com a mão uma porçãozinha de água sobre ele. Ora a água cai na cabecinha ou nos
ombrinhos, assim como uma chuvinha, uma garoa. Ele fecha os olhinhos, esboça um
sorriso e abre os olhinhos, ele quer ver o mundo que o cerca. Está sereno, que
lindo!
Quero
lembrar que bebês estilo antigo ou moderno, ainda que a modernidade e a
tecnologia avancem escandalosamente, continuarão precisando de mãe, de carinho
e cuidados, pois são totalmente dependentes. Isso não vai mudar.
Para
terminar: Dizem que nascer é o mesmo que morrer, apenas mudamos de modo de
vida. Saímos da vida aqui na Terra e passamos para a vida do outro lado, a vida
eterna, para quem acredita e eu acredito sim senhor. Dizem que não há o que
temer. O bebê se mostra surpreso com sua nova realidade, está de frente para
sua mamãe, sob seus cuidados e amor. Estaremos assim diante de Deus, envolvidos
pelo seu Amor.
Oxalá
todos os bebês pudessem ter um nascimento feliz, sereno, humanizado, sem pressa.
Oxalá todas as mães pudessem ter um
parto feliz e tranquilo. Porém, sei que o mundo não é perfeito, tampouco a
humanidade o é. Sei das imperfeições físicas, mentais e emocionais a que as
crianças estão sujeitas, sei de partos difíceis, de cirurgias agressivas para
que nasça um bebê. Assim como sei de mortes tristes, dolorosas, violentas e sem
dignidade. É a contradição da vida, difícil, sofrida, mas indiscutivelmente
bela!