quarta-feira, 11 de outubro de 2023

MARIAS

 


Tantas Marias se foram

Poucas Marias restaram

Hoje se procura Maria

E Maria não há

Nem lá nem cá.

 

A mãe foi Maria

Maria, também a tia

Se não fosse Maria

Que nome seria?

Que graça teria?

 

Maria da Graça

Graça de Maria

Maria Santa

Santa Maria

 

Maria da Glória e

Maria Honória

Maria da Fé e

Maria José

 

Tenho primas Marias

E amigas também

Porém tantas já não têm

Repito como tenho dito

As Marias têm sido raras

Por isso sempre tão caras.

 

 

O QUE ESTÁ ESCRITO

 


 

Pois o que está escrito

Pelo Céu prescrito

Há de se cumprir, sim senhor

Seja desdita ou favor

Quer queiramos ou não

Portanto

Demos largas ao coração

Deus faz o que lhe apraz

Bendito seja o Senhor!  

A Ele o louvor.

 

domingo, 8 de outubro de 2023

MEU TESOURINHO


 

Sempre achei que viagens de ônibus trazem sempre muitas histórias e surpresas. Pois minha irmã me contou uma história que eu até poderia dizer quem foi o protagonista, pessoa pública e conhecida, mas isso não é necessário. Foi o seguinte. O homem comprou uma passagem de ônibus para viajar durante a noite porque seria uma longa viagem de cerca de dez horas. O assento ao seu lado estava vago, o que já era um bom começo, pensou ele, pois poderia viajar com mais conforto. Mas na última hora, entrou uma mulher muito simples com uma criança pequena, de colo. Ele ficou contrariado, pois tinha certeza de que ela se sentaria no banco ao seu lado, uma vez que o ônibus estava praticamente lotado.

Vamos lá, matutou o homem, aposto que não vou conseguir dormir, mas acolheu carinhosamente a mulher e a criança, confirmou para ela o assento olhando sua passagem, ajudou colocando as bolsas no maleiro, enfim, fez o que qualquer pessoa de bem faria e faz. Logo percebeu que a criança devia ter algum problema porque gritava de forma desconexa, era agitada e com coordenação motora um tanto descontrolada. A mãe se mostrava paciente e carinhosa, tentando fazer a criança se acalmar. Cantava baixinho, dava tapinhas nas costas para tentar fazer a criança dormir.

Bem, lá pelas tantas, o homem, já resignado, sabendo que sua noite seria insone, foi solidário com a mulher, dizendo: é difícil né? E para seu espanto, a mulher respondeu: não, não, isso não é nada, nada difícil, ele é o meu tesourinho! E olhou amorosamente para o filho, beijando sua cabecinha. O homem se envergonhou, surpreso com a atitude da mulher, pois normalmente as pessoas se queixam, com razão, estão cansadas, sem esperança e uma criança agitada o tempo todo, é difícil sim manter a serenidade, muitas mães se esgotam. No entanto, aquela mãe estava feliz com seu tesourinho, talvez justamente pelo trabalho que dava. Quanto mais trabalho, mais amor. E acabou que o homem agradeceu a Deus pelo ocorrido. Foi uma lição.

Pois é, mas isso me fez lembrar de algo que a minha mãe contava há muito tempo. Ela estava indo para São Paulo e houve uma confusão de passagens. A mulher com criança no colo ficou sem assento. E uma senhora muito bem vestida tinha um assento vago ao seu lado. Só que ela havia comprado os dois assentos para que ninguém se sentasse com ela, para que ninguém a incomodasse, dizendo de uma forma mais suave, para que ela tivesse mais conforto. E o motorista perguntou se ela não se importaria de ceder um lugar para a passageira, ao que ela respondeu que não ia ceder. Tudo foi resolvido quando outra pessoa cedeu o próprio lugar porque nem todos são individualistas.

Estamos caminhando para um tempo muito difícil, a humanidade parece que perece. Este jogo de palavras não foi proposital, não vou mudar, deixa assim. Precisamos ser mais humanos, mais próximos do próximo. Quem é nosso próximo? É quem está mais próximo fisicamente. Hoje li algo muito bonito postado por uma pessoa amiga. Trata-se do primeiro sinal de civilização numa cultura. Sem dúvida alguma, se queremos ser civilizados temos que aprender a cuidar uns dos outros, gastar tempo com o outro, ajudar os outros nas dificuldades. A Bíblia diz para não desviarmos os olhos do pobre.   

 Sempre irei me lembrar do caso do “tesourinho” com muito carinho! 

A EXPERÊNCIA DA VELHICE


 

Há certas coisas na vida que a gente tem que aceitar, a velhice é uma delas. Lá vou eu de novo aqui falando de velhice, não de velhice de alma, de espírito, não, isso não. Já conheci alguns jovens “velhos”, e por outro lado, muitos velhos “jovens”, pessoas genuinamente espirituosas que não necessitam de ficar fazendo piadas sobre a velhice para serem aceitos.     

Quando a gente envelhece acontece um fenômeno interessante: você sabe que está velha ou idosa, porém, não se sente velha, poxa, sou eu, a mesma de sempre. Existe aí uma contradição, uma incongruência porque minha alma, meus sentimentos, pensamentos e ideias não confirmam a imagem do espelho. Mas o espelho e outras pessoas contradizem você, estão ali escancarados seu rosto e seu corpo. Não se iludam pelas fotos de anos atrás. Desistam de ficar namorando tais e tais e fotos. Quero deixar bem claro que as frases imperativas que aqui escrevo são para mim. Se, por um acaso, servirem para os leitores, que façam bom proveito. 

É claro, of course, que estamos num tempo de tal avanço tecnológico em que se a mulher quiser e tiver muito dinheiro, poderá amenizar ou mesmo deletar os duros efeitos da velhice. Contudo, vaidosa que sou, tenho uma secreta e santa inveja (se é que a inveja pode ser santa) das atrizes americanas e algumas brasileiras também, que deixam tudo como está, não mexem em nada no rosto e corpo. Comparecem em cerimônias de premiação, todas bem vestidas, elegantemente, mas sem ter um único picotinho de botox em nenhum lugar. Assumiram a idade, que coisa bonita! Aí me lembro de minha mãe, tão lindíssima quanto modestíssima!

Depois que a velhice se instala como senhora absoluta, vai tudo ladeira abaixo, músculos, tendões, circulação ou “fiação interna”, como dizia Rachel de Queiroz, enfim, tudo envelhece. É verdade que exercitar-se e fortalecer músculos e ossos é questão de saúde, podemos e devemos. Tudo bem ficar velho! E quando é só velhice, beleza, pior quando é uma doença fatal, que fatalmente acontecerá, mais cedo ou mais tarde.

Há coisas que não mudam. Eu pensava assim: quando eu ficar velha não vou ficar falando “no meu tempo as coisas eram assim e assado”. Bobagem, eu falo, todo mundo que envelhece fala isso, que seja pouco, mas fala. Por mais que a gente não pare no tempo, que tente pensar e caminhar ao lado dos jovens, a gente sabe que nossos pensamentos e ideias são de nosso tempo, são produto do que vivemos, do que aprendemos. É da natureza humana.

Viver é perigoso, mas é tão belo!