sexta-feira, 21 de setembro de 2018

AINDA NA CAMA


            Acordo. Ainda está escuro. Geralmente acordo muito cedo porque durmo muito cedo. Não vou me levantar ainda. Aproveito para pensar, rever algumas coisas, planejar o dia, não só o dia, mas a vida, já li não sei onde que sempre temos que idealizar novos projetos, planejamentos, planos B e C, ainda que o A esteja “working”. A gente, dona de casa, mais ou menos né? sempre tem muita coisa para fazer. Se eu não tomar cuidado, fico só por conta de limpeza, de roupa para lavar e passar, limpar aquele armário que já ensaiei mil vezes para tirar tudo de dentro, limpar e arrumar. Depois tem as plantas, cortar os galhinhos secos, não se esquecer de regar. A cozinha já não me meto, a não ser para limpar porque meu marido é meu “chef”, ainda bem. Enfim, em uma casa, diariamente,  sempre se tem muito o que fazer. Se bobear nem chego perto do computador e isso é que não pode acontecer. Escrever um pouco todo dia, este é meu lema diário.  
            Além das coisas práticas como essas, tem aquelas mais complicadas, coisas de família, relacionamentos, aquela conversa delicada que é preciso ter. Então planejo o que vou falar e como falar. Prometo a mim mesma que não vou me exaltar haja o que houver. Sim, conservarei minha serenidade, serei delicada, ponderada, paciente e boa ouvinte.
            Ah, também tenho que planejar o lançamento de meu livro de poemas. Quem diria que viria mais um bebê! Estou encantada com o caçulinha! Está muito fofo!
            Penso no que posso escrever para as próximas crônicas e poemas. Tenho lido tanta coisa bonita. Adorei a carta de Graciliano Ramos para sua irmã, coisa de 1949. Disse ele a Marili: “... Só conseguimos deitar no papel os nossos sentimentos, a nossa vida. Arte é sangue, é carne. Além disso, não há nada. As nossas personagens são pedaços de nós mesmos, só podemos expor o que somos.” Então, gente, tento não perder de vista essas preciosidades. Quando for escrever, tenho que expor minha carne, minhas feridas, aliás, é o que sempre faço. Raramente escrevi algo que não tivesse saído de minhas entranhas.
            Também vou rezar mais, quero prestar mais atenção nas palavras que falo com Deus. Sei que se não ficar atenta, já perco a oração para os pensamentos mundanos que vêm e vão, para as benditas coisas a serem feitas no dia. Então o que me resta é me oferecer ao bom Deus do jeito que sou.
            Bem, assim, carregada de projetos para o dia e para a vida, de promessas para ser uma pessoa melhor, realmente sou sempre cheia de boas intenções. O difícil é que grande parte desses projetos e promessas não passam desses momentos em que ainda estou na cama. No planejamento tudo é perfeito. Mas durante o dia as boas intenções muitas vezes escoam pelo ralo. Sei que o justo cai sete vezes ao dia. E eu? Setenta vezes sete.  
            Como dizia Fernando Pessoa: “conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama.” É verdade. Já vejo claridade pela janela. Hora de levantar! Vou começar pela oração. Deus em primeiro lugar.  
                    

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