Nunca
mais me esqueci de quando eu fazia especialização em Literatura, e a professora
de Literatura e Psicanálise estava explicando o que seria ato falho e deu seu
exemplo. Ela quando era jovem, em tempos idos, havia sido convidada pela
família de seu namorado ou noivo, acho que noivo, para ir à praia com eles. Ela
tratou de comprar um maiô bonito e decente e foi que foi. Lá o namorado também
estava em traje de banho e se divertiram muito. Quando voltou para casa, a mãe
e as irmãs, super curiosas, bombardearam a moça com mil perguntas. E aí
perguntaram, maliciosamente, como estava o noivo em seu “calção”, ao que ela
respondeu sem titubear: ele é muito pintudo! Na verdade, ela pretendia dizer
“pintoso”, adjetivo de antigamente, seria “boa pinta”, mas saiu pintudo, um
curioso trocadilho pelo qual teve que aguentar a vida inteira a caçoada da
família.
Saiu
“pintudo” e não pintoso porque ela, de fato, não tirou os olhos do traje de
banho do belo rapaz, para não dizer outra coisa, ou dizendo de outra maneira, o
“pintudo” era o que estava em sua mente inconsciente, pois em sã consciência
ela jamais diria o termo. Isso foi um ato falho, ou seja, algo que não pode ser
dito por determinada razão, acaba sendo dito de outra forma.
Um
exemplo clássico de ato falho é chamar o parceiro pelo nome do ex, coisa
embaraçosa, muito comum, mas que pode
acarretar sérias consequências. Muitas vezes, não é nada de sério, não é que
você ainda esteja apaixonado pelo ex, não necessariamente, se você conviveu um
bom tempo com outra pessoa, é natural que seu inconsciente ainda abrigue e vá
abrigar traços e laços afetivos. Certa vez, nos primeiros anos de nosso
casamento, meu marido teve um pesadelo e gritou o nome de sua primeira mulher,
já falecida. Achei natural, um ato mecânico, afinal ele viveu muito mais anos
com ela do que comigo.
Nossa
vida é carregada de atos falhos, às vezes gostaríamos de dizer determinada
coisa que não dizemos, e em certo momento, o inconsciente nos trai e acabamos
por dizer. Enfim, não sofrer por isso, quem nunca cometeu um ato falho que
atire a primeira pedra.
Ato
falho pode ser resumido da seguinte maneira: cuidado com aquilo que está na sua
cabeça porque a tendência é falar justamente isso. Aqui o inconsciente é que manda,
não está no nosso controle. Como o ato falho é um ato involuntário, às vezes
conseguimos pisar no freio, às vezes não. Paciência, tomara que nossos foras
não sejam graves. Larga mão.
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