sábado, 6 de agosto de 2016

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE




Pois é gente, e a vida passa aceleradamente, e coisas que pra mim sempre foram coisas de avós, pais e tios, agora são minhas também. Eu me refiro a enfermidades do corpo causadas pelo tempo, desgaste de uso dos órgãos, dos ossos, da musculatura, olhos embaçados e arcada dentária desconfigurada. É verdade que muito tem sido descoberto e muitas limitações podem ser amenizadas trazendo melhor qualidade de vida. Por exemplo, para a artrose: as glicosaminas, condroitinas e diacereínas. Para a articulação em geral: cloreto de magnésio e colágeno, para o cérebro: a ginkigo biloba e ômega 3, para a saúde da mulher: o cramberry, para a baixa imunidade: a geleia real, para osteoporose: pastilhas mastigáveis de cálcio e vitamina D, e muitas outras novidades. Na realidade, nem tanto assim novidades porque muitos itens já eram do conhecimento da época de minha mãe, quero dizer, coisas que os tempos modernos fizeram a gente esquecer, afinal quem diria que o melhor colágeno era o pé da galinha?  No entanto, esses mesmos tempos modernos trouxeram péssimos hábitos como o de refrigerantes e margarinas.
Todo este introito para dizer que idade chegou, a catarata nos olhos se formou e lá fomos consultar o oftalmologista que me promete ficar livre dos óculos, que uso até para tomar banho, dormir, e sonhar. Já tenho o cacoete de levar as mãos aos olhos para ajeitar os óculos no rosto. O médico é “o cara”, competente, bonito, charmoso, mas que me diz com todas as letras que vale a pena investir na qualidade de vida, pois segundo as estatísticas, o brasileiro hoje vive em média 85 anos e que, no meu caso, mais vinte e lá vai pedrada compensam o investimento. Embora sempre consciente da realidade de que sou uma senhora vítima da avassaladora crueldade do tempo, saí do consultório sentindo uma casquinha de depressão porque uma coisa é a gente saber que já viveu muito mais do que tem pela frente para viver, e outra é ouvir de outra pessoa esta verdade sem sutilezas, sem maquiagem, sem pejo.
Mas tudo bem, sou espirituosa, e tendo com quem compartilhar o senso de humor tão necessário em nossos tenebrosos dias atuais, consigo levar no otimismo, e foi assim que deixamos a clínica de olhos, depois de fazer trezentos e cinquenta e dois exames. Conclusão: devo operar em dois meses. Meu medo, tirando aquele medo normal de toda macro, média e micro cirurgia, é ficar enxergando coisas que preferia não enxergar, tipo mais rugas e vincos nos cantos da boca e pelos de gatos que ainda não tenho, mas pretendo ter, pois estou cansada de ir à casa de minha irmã para brincar com os gatinhos dela. Quero tê-los o tempo todo, com todas as incumbências, cuidados e trabalhos que trazem. Adoro ver um felino charmoso querendo brincar. Não resisto.
Bem, como ia dizendo, meninas que nunca deixamos de ser, minha irmã e eu saímos saltitantes da clínica porque tínhamos mais um dia e meio para curtir Poços de Caldas, aquela cidade linda, com as Thermas Antonio Carlos. E fomos tomar café, fomos tomar vinho, rimos até cansar, tiramos tantas fotos que minha amiga brincou conosco no whatsap: “ocêis foram aí pra consultar ou para fazer um book”? adorei! Também adoramos encontrar com Olga, a amiga e ex-colega BB que não víamos há séculos!  
E o título do artigo: “olho por olho e dente por dente”? Ah sim, não se trata de nenhuma vingança, apenas uma constatação de como está caro viver sem óculos, como tudo está caro, mama mia! Ainda bem que é um olho de cada vez, a gente economiza pra um, depois pra outro, o que fez minha irmã dizer que depois dos olhos, vai melhorando a boca, fazendo um implante dentário por vez, ou seja, um dente de cada vez. Assim, olho por olho, dente por dente, vamos melhorando até quando Deus quiser ...              
            

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