Pois
é gente, e a vida passa aceleradamente, e coisas que pra mim sempre foram
coisas de avós, pais e tios, agora são minhas também. Eu me refiro a
enfermidades do corpo causadas pelo tempo, desgaste de uso dos órgãos, dos
ossos, da musculatura, olhos embaçados e arcada dentária desconfigurada. É
verdade que muito tem sido descoberto e muitas limitações podem ser amenizadas
trazendo melhor qualidade de vida. Por exemplo, para a artrose: as glicosaminas,
condroitinas e diacereínas. Para a articulação em geral: cloreto de magnésio e
colágeno, para o cérebro: a ginkigo biloba e ômega 3, para a saúde da mulher: o
cramberry, para a baixa imunidade: a geleia real, para osteoporose: pastilhas
mastigáveis de cálcio e vitamina D, e muitas outras novidades. Na realidade,
nem tanto assim novidades porque muitos itens já eram do conhecimento da época
de minha mãe, quero dizer, coisas que os tempos modernos fizeram a gente esquecer,
afinal quem diria que o melhor colágeno era o pé da galinha? No entanto, esses mesmos tempos modernos trouxeram
péssimos hábitos como o de refrigerantes e margarinas.
Todo
este introito para dizer que idade chegou, a catarata nos olhos se formou e lá fomos
consultar o oftalmologista que me promete ficar livre dos óculos, que uso até
para tomar banho, dormir, e sonhar. Já tenho o cacoete de levar as mãos aos
olhos para ajeitar os óculos no rosto. O médico é “o cara”, competente, bonito,
charmoso, mas que me diz com todas as letras que vale a pena investir na
qualidade de vida, pois segundo as estatísticas, o brasileiro hoje vive em
média 85 anos e que, no meu caso, mais vinte e lá vai pedrada compensam o
investimento. Embora sempre consciente da realidade de que sou uma senhora
vítima da avassaladora crueldade do tempo, saí do consultório sentindo uma
casquinha de depressão porque uma coisa é a gente saber que já viveu muito mais
do que tem pela frente para viver, e outra é ouvir de outra pessoa esta verdade
sem sutilezas, sem maquiagem, sem pejo.
Mas
tudo bem, sou espirituosa, e tendo com quem compartilhar o senso de humor tão
necessário em nossos tenebrosos dias atuais, consigo levar no otimismo, e foi
assim que deixamos a clínica de olhos, depois de fazer trezentos e cinquenta e
dois exames. Conclusão: devo operar em dois meses. Meu medo, tirando aquele
medo normal de toda macro, média e micro cirurgia, é ficar enxergando coisas
que preferia não enxergar, tipo mais rugas e vincos nos cantos da boca e pelos
de gatos que ainda não tenho, mas pretendo ter, pois estou cansada de ir à casa
de minha irmã para brincar com os gatinhos dela. Quero tê-los o tempo todo, com
todas as incumbências, cuidados e trabalhos que trazem. Adoro ver um felino charmoso
querendo brincar. Não resisto.
Bem,
como ia dizendo, meninas que nunca deixamos de ser, minha irmã e eu saímos
saltitantes da clínica porque tínhamos mais um dia e meio para curtir Poços de
Caldas, aquela cidade linda, com as Thermas Antonio Carlos. E fomos tomar café,
fomos tomar vinho, rimos até cansar, tiramos tantas fotos que minha amiga
brincou conosco no whatsap: “ocêis foram aí pra consultar ou para fazer um
book”? adorei! Também adoramos encontrar com Olga, a amiga e ex-colega BB que
não víamos há séculos!
E
o título do artigo: “olho por olho e dente por dente”? Ah sim, não se trata de
nenhuma vingança, apenas uma constatação de como está caro viver sem óculos,
como tudo está caro, mama mia! Ainda bem que é um olho de cada vez, a gente
economiza pra um, depois pra outro, o que fez minha irmã dizer que depois dos
olhos, vai melhorando a boca, fazendo um implante dentário por vez, ou seja, um
dente de cada vez. Assim, olho por olho, dente por dente, vamos melhorando até
quando Deus quiser ...
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