segunda-feira, 18 de novembro de 2019

JUGO SUAVE



Meu marido e eu não costumamos sair juntos. Isso realmente ficou nos primeiros tempos quando tudo é novidade, éramos mais novos e tal ... (coloquei esses pontinhos aí porque parei de digitar e fiquei tentando encontrar outra desculpa para justificar por que não saímos mais, rss). A verdade é que nunca fomos de sair, somos caseiros, curtimos ficar em casa. Saio com minhas amigas, mas pouco também. De resto saio para o supermercado, o banco. Fico muito em casa.
Bem, tudo isso só para dizer que de vez em quando nos encontramos na rua, eu e ele.  Isso mesmo. E quando eu o vejo, por um átimo de segundo sou tomada por uma sensação de estranhamento. É como se eu dissesse para mim: eu conheço este cara não sei de onde. Claro que é menos de um átimo de segundo. E ele também tem esta sensação. A verdade é que eu adoro encontrar com ele assim, de repente, acho uma delícia, é como se flertássemos ainda, o coração fica feliz. Eu sorrio, ele sorri, vou ao seu encontro. Que lindo!
E isso aconteceu justamente hoje. Eu saí toda faceira e quem vejo? Aquele bonitão do meu marido. Abri o maior sorriso e ele também. Parecia até que não nos víamos há tempos. E depois do almoço já quase pegando no sono, ele falou qualquer coisa sobre mim, bonitinha, que eu entendi que assim eu estava há 17 anos. Ele sorriu e disse: não, estou falando de você agora, hoje, bonitinha, cinturinha fina, sorrindo, vindo ao meu encontro,  rssss. Achei a maior graça! Um amor!
Já ouvi que casamento bom é loteria, é agulha no palheiro. Não sei, não sei. Um casamento tem suas dificuldades, impossível não ter! “No mundo tereis aflições” e tempestades, mesmo um bom casamento. Sei que até um casamento feliz tem seu ônus e seu bônus como qualquer situação na vida. Por exemplo, comparação, como diz a “coisinha” Conceta: minhas amigas já andaram combinando aí uma estada em Portugal de dois meses. Eu fiquei com água na boca e de olho comprido porque não vou ficar dois meses longe do meu marido, nem convém e nem quero. Nem ele. Viajo sim, máximo de 15 dias. Se eu fosse sozinha, iria ficar com elas. Pois não?
Em um casamento existe um jugo. Não há como negar. Não sou inteiramente livre. Compartilho uma vida com meu marido. Ele nunca exigiu nada de mim, nem eu dele. Tudo é implícito, de boa vontade, é companheirismo, cumplicidade, cuidado um com o outro, compreensão e, acima de tudo, uma boa dose de perdão diário. É um jugo suave. “Não temos amarras”. Temos laços. Sabemos que o elo que nos une é forte. Não precisa estar no papel, não precisa ser dito. É amor.
Não foi o que Jesus quis dizer com “meu jugo é suave”?       

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