Meu
marido e eu não costumamos sair juntos. Isso realmente ficou nos primeiros
tempos quando tudo é novidade, éramos mais novos e tal ... (coloquei esses
pontinhos aí porque parei de digitar e fiquei tentando encontrar outra desculpa
para justificar por que não saímos mais, rss). A verdade é que nunca fomos de
sair, somos caseiros, curtimos ficar em casa. Saio com minhas amigas, mas pouco
também. De resto saio para o supermercado, o banco. Fico muito em casa.
Bem,
tudo isso só para dizer que de vez em quando nos encontramos na rua, eu e ele. Isso mesmo. E quando eu o vejo, por um átimo
de segundo sou tomada por uma sensação de estranhamento. É como se eu dissesse
para mim: eu conheço este cara não sei de onde. Claro que é menos de um átimo
de segundo. E ele também tem esta sensação. A verdade é que eu adoro encontrar
com ele assim, de repente, acho uma delícia, é como se flertássemos ainda, o
coração fica feliz. Eu sorrio, ele sorri, vou ao seu encontro. Que lindo!
E
isso aconteceu justamente hoje. Eu saí toda faceira e quem vejo? Aquele bonitão
do meu marido. Abri o maior sorriso e ele também. Parecia até que não nos
víamos há tempos. E depois do almoço já quase pegando no sono, ele falou
qualquer coisa sobre mim, bonitinha, que eu entendi que assim eu estava há 17
anos. Ele sorriu e disse: não, estou falando de você agora, hoje, bonitinha,
cinturinha fina, sorrindo, vindo ao meu encontro, rssss. Achei a maior graça! Um amor!
Já
ouvi que casamento bom é loteria, é agulha no palheiro. Não sei, não sei. Um
casamento tem suas dificuldades, impossível não ter! “No mundo tereis aflições”
e tempestades, mesmo um bom casamento. Sei que até um casamento feliz tem seu
ônus e seu bônus como qualquer situação na vida. Por exemplo, comparação, como
diz a “coisinha” Conceta: minhas amigas já andaram combinando aí uma estada em
Portugal de dois meses. Eu fiquei com água na boca e de olho comprido porque não
vou ficar dois meses longe do meu marido, nem convém e nem quero. Nem ele.
Viajo sim, máximo de 15 dias. Se eu fosse sozinha, iria ficar com elas. Pois
não?
Em
um casamento existe um jugo. Não há como negar. Não sou inteiramente livre.
Compartilho uma vida com meu marido. Ele nunca exigiu nada de mim, nem eu dele.
Tudo é implícito, de boa vontade, é companheirismo, cumplicidade, cuidado um
com o outro, compreensão e, acima de tudo, uma boa dose de perdão diário. É um
jugo suave. “Não temos amarras”. Temos laços. Sabemos que o elo que nos une é
forte. Não precisa estar no papel, não precisa ser dito. É amor.
Não
foi o que Jesus quis dizer com “meu jugo é suave”?
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