quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

VESTIDO BRANCO DE LESE



Há poucos dias comprei um vestido branco. Ponto. Pronto, comprei. Não foi porque o réveillon vem aí. Nunca fui dessas coisas de vestir branco em réveillon, nada disso. O que quero dizer é que, de fato, passo a meia noite de qualquer ano dormindo. Se não dormindo, assistindo a algum filme, interessada para ver no vai dar a próxima cena. Não ligo para fogos. Gosto mais das estrelas cintilando quietinhas lá em cima. Há anos que não assisto à queima de fogos, nem ao vivo, nem pela televisão.
Mas o vestido branco e de lese! Ai! Ai! Estava lindo, estendido na loja por cima de um balcão. Me chamou atenção. Ah meu Deus, quanta vaidade, como sou vã, fútil e muita coisa mais. E logo agora que saí de casa imbuída do firme propósito de não comprar mais nada, a não ser o estritamente necessário. Mas aquele vestido era essencial sim senhor pra mim naquele momento. Depois de visto e vestido, impossível não comprar.
Não sou de fazer balanços do ano velho e nem tenho receitas para o ano novo. Fiz o melhor que pude e sempre tenho as melhores intenções. Só que as coisas acontecem, fogem de nosso controle e talvez o segredo da vida seja mesmo deixar os acontecimentos acontecerem. Dia primeiro de qualquer ano é igual a qualquer dia de qualquer outro ano. Sem dúvida alguma. Então, sem expectativas, embora expectativas sejam inevitáveis. E sofrimentos também. É deixar rolar.
Não existe esta de fazer este forrobodó todo só por causa do último dia do ano e do primeiro dia do próximo ano. A vida segue. Faço apenas uma reflexão que serve para qualquer dia de qualquer ano:
Por mais insignificante que tenha sido o dia findo ou por mais sofrido ou por mais gostoso, nenhum dia não voltará nunca mais. Adeus. Adeus. O dia de hoje se torna magistral pelo fato de ser um dia dos outros tantos que compõem nossa vida. O dia de hoje em que digito estas palavras é um dia único, um dia de ouro, é um dia de minha vida que ofereci a Deus pela manhã, ignorando obviamente o que vou viver hoje. Você pode escolher, esperar pelo pior ou pelo melhor. Eu prefiro seguir sempre acreditando que uma coisa maravilhosa está para acontecer neste dia, a qualquer momento. E às vezes é dia um terrível, daqueles que a gente, se pudesse, riscava do calendário. Mas mesmo assim, continua sendo um dia único que não voltará.
E depois dessa descoberta inédita e assombrosa que fiz de que cada dia é um dia único, torno ao assunto: odeio balanços e receitas, mas vá lá: o que ficou pra trás ficou, recomeçar sempre como uma criança, fazer de tudo para não faltar com a verdade, fazer o que é certo custe o que custar. Pedir simplicidade a Deus, gostar de coisas simples como um café quente com pão, de olhar o céu ficando noite de tardinha e de uns brinquinhos, um vestidinho branco de lese, ora bolas, afinal a gente é mulher. Não é nenhum vestido desses de OSCAR, mas sinceramente? Eu me senti uma Helen Mirren!
Adeus querido Ano Velho, seja bem-vindo querido Ano Novo!     



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