MUDANÇA DE HÁBITOS /
QUARENTENA EM CURSO
Misa Ferreira
Com
toda a certeza, estamos navegando em mares nunca dantes navegados. Pela
primeira vez em minha vida, eu me vejo “presa” em casa por muitos dias, quiçá
serão meses. Evidentemente que há uma grande parte da população que não tem
como se resguardar em casa, muita gente tem que trabalhar. Resta a elas seguir
o protocolo de guardar a distância de outras pessoas, não conversar, fazer o
que tem que fazer e rezar porque vírus é algo que não se vê. Na verdade, não
estamos seguros em lugar nenhum, pois não se é possível ficar cem por cento
porta a dentro. Há outras pessoas a quem devemos atender. Nesta ida e volta não
sabemos se continuamos a salvo.
Ainda
há o complicador de divergência de pontos de vista. Há aqueles que defendem
parar tudo, tudo, metrô, aeroportos, fábricas, etc para que todos se escondam e
se protejam. E há infectologistas que são contra o isolamento sem sintomas do
vírus, que vai gerar o apagão econômico. Não sei o que caminha mais rápido, se
o vírus ou o colapso econômico. Não sei se faço isso ou aquilo. Parem o mundo
que eu quero descer.
Enquanto
isso mudamos os hábitos. Tivemos que nos adequar aos novos comportamentos. Olho
com tristeza nossas máscaras perto da porta, apetrechos indispensáveis para os
novos tempos. Nossos sapatos já ficam para fora. Lá se foi o tempo em que eu
escolhia as sandálias que combinavam com este vestido ou blusa. Agora é um
calçado só, aquele que está do lado de fora do apto.
Senti tanta inveja dos pássaros
voando livremente, indo para onde apraz seu desejo. Senti inveja dos pássaros
que buscam as alturas, “que não semeiam nem ceifam, nem ajuntam em celeiros, e
vosso Pai do Céu as alimenta”.
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