segunda-feira, 6 de abril de 2020

O DIA EM QUE A TERRA PAROU




Que saudade do mundo maravilhoso e perfeito antes da Pandemia! Fomos à Trindade sem saber como chegar, fomos indo assim como um casal aventureiro, até que avistei o mar! Nossa! Que coisa linda! Peguei o celular e bati milhares de fotos! Ainda era verão, um céu azul de doer, e eu, há tanto tempo sem ver o mar. A praia apinhada de gente, a pousada de frente pro marzão. E de noite, ouvindo o murmúrio das ondas, tomamos champanhe e vinho. Éramos felizes e não sabíamos! É a história do bode na sala. Tira o bode fedorento da sala e o mundo fica perfeito. Não podemos e não sabemos quando o bode, COVID, vai sair da sala. Nossa vida deu uma guinada de 360 graus.
Ontem tive que sair. Há coisas que não tem jeito, tem que ser resolvidas. Tive que sair à rua, insegura como se lá fora um monstro real me espreitasse. E não é que é? Já desisti de ouvir este ou aquele fulano, beltrano e cicrano, cada um com uma opinião. Ou fico confinada ou saio. Neste voo às cegas, preferi ficar confinada, saindo apenas em casos de extrema necessidade, Deus me ajude. A Quarentena não me aborrece. Já vivo assim, sou caseira, adoro quando chego da rua e entro em casa. 
E como sair tem sido uma exceção, é uma vez ou outra, eu me aprontei, quero dizer, nada de mais, mas passei um batonzinho cor de rosa, um lápis para o contorno dos lábios, escolhi uns brincos e já me dirigia para a porta quando me lembrei: a máscara! A bendita máscara! Tá bom, fui lá para o espelho e ao ajeitar a máscara na cara, lembrei-me do batom. Tirei o batom que se transformaria numa meleca só. Ao tentar novamente ajeitar a bendita máscara no rosto, o elástico se enrolou no brinco, e aí tento aqui, tento ali até que consegui desenroscar. Então neste pandemônio de pandemia eu desisto dessas bobagens femininas. Cheirando desinfetante de cabo a rabo, sou feminina apenas dentro de casa. Há que se brincar um pouquinho para não perder o senso de humor.      
Já fiz mistura de água com água sanitária para desinfetar tudo, desde maçanetas, de portas de casa, de carros, chave do carro, volante, bancos, pneus, controles remotos, chão de casa. Agora aprendi que com sal grosso também é muito bom: 5 litros de água, 50 gramas de sal grosso, 150 ml de água sanitária, diluir e aplicar com borrifador.
Bem, aprendi muitas coisas, mas manter distância de 1 metro e meio de qualquer pessoa é o mais difícil, sou pegajosa, se alguém me vir na rua, é melhor me evitar. Eu me esqueço sempre de que nossa vida deu um giro de 360 graus e de que somos testemunhas de dias em que a Terra parou.  
Acima de tudo, o maior aprendizado pode ser a gente se conhecer um pouco mais em tempos como esses, a desenvolver nossa autoconsciência, o nosso mapa interior, fortalecendo nossa resiliência e nosso amor ao próximo e à Terra que generosamente nos foi dada por Deus. Pode parecer bobagem, mas é muito mais provável que a gente se sinta mais perdida por dentro do que fora de nós.  

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