Sempre
me impressionei com mães que passaram pela tragédia de perder seus filhos tão
cedo e tiveram uma espantosa atitude de aceitação, afinal, a morte de um filho
será sempre uma dor absurda e absolutamente insana. Conheço algumas mães que
sofreram essa perda e admiro imensamente cada uma delas. Havia em seu silêncio
uma dignidade e uma força que me fizeram lembrar de Nossa Senhora aos pés da
Cruz de Jesus.
Uma
dessas mães perdeu seu filho há poucos anos. Sofreu todas as etapas daquele
calvário, chorou todas as lágrimas, e enfrentou tudo com humildade. Se havia
perguntas em seu coração, guardou-as ali mesmo e tocou a vida. Mesmo com uma
espada atravessada em seu coração, ela continuou cuidando da casa, do marido
tão devastado quanto ela, continuou trabalhando na igreja, continuou fazendo
adoração ao Santíssimo e louvando a Deus.
E
aconteceu que na véspera de completar três anos de morte do filho, ela teve um
sonho muito significativo: o rapaz estava feliz no Céu, parecia ocupado com
algumas funções, especialmente acendendo muitas velas num lugar muito bonito,
talvez em um altar. Ficou patente para ela a felicidade do filho, já liberto
das dores da terra. Bem, ela acordou pensativa e feliz, agradecendo a Deus pelo
sonho. E foi à missa naquela noite. No início da celebração o Padre pediu a ela
e seu marido que acendessem as velas do altar, e lá estava ela fazendo
exatamente igual ao filho no sonho. Emocionada, não pôde conter as lágrimas,
pois as lágrimas não foram feitas para serem contidas. Vale dizer que o Padre
nada sabia sobre o aniversário de morte do rapaz, tampouco sabia do sonho dessa
mulher.
Este
relato me pegou de jeito, entrou no meu coração com uma suavidade que não tenho
palavras para descrever. Fui invadida por um sentimento de amor, de admiração
por Deus que permitiu que uma trilha divina se abrisse para que mãe e filho se
encontrassem espiritualmente “acendendo velas” no altar do Senhor no Céu e na
Terra. Como as coisas de Deus são finas!
Se eu
chamasse Santa Teresa de Ávila para me explicar essa coincidência santa e
feliz, ela certamente me diria que “Sua Majestade” fez uma gentileza à mulher,
um gesto de carinho e de amor. Também diria que Deus sempre nos dará por outros
caminhos o que nos tira por este, pois que Sua Majestade de tudo sabe, e são
mui ocultos Seus segredos. Uma coisa é muito certa: Deus nunca vai nos deixar
de mãos vazias.
Deus é
soberano! Assim me disse outra amiga, num momento de dor profunda ao enterrar
sua filha. Ela nunca me pareceu tão serena, mesmo imersa num abismo de dores.
Que
Deus nos dê humildade e aceitação diante de situações que não entendemos. Que
Nossa Senhora sempre nos ensine a guardar tudo em nossos corações. Amém.
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