sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O APARECIMENTO DA BARATA APOCALÍPTICA

 


Nestes últimos tempos cada vez mais caóticos e catastróficos, a natureza se ressente e faz acontecer transtornos e tragédias. As Cataratas de Iguaçu atestam o fato exibindo um espetáculo dantesco, como nunca dantes visto. Coincidentemente, no meio de todo este caos da natureza, tivemos uma enchente no décimo andar de meu prédio. Explico: uma tubulação ou um cano do prédio que passa pelo apartamento vizinho ao meu, rompeu-se provocando uma avalanche tsunâmica com uma quantidade inimaginável de água que logo inundou todo o hall do nosso andar. A água chegou a entrar aqui dentro como nos outros apartamentos. Foi então que nós vizinhos nos unimos, como acontece em casos de calamidade, com rodos para empurrar a água pelas escadas, porém os elevadores já estavam atingidos. Foram desligados e ainda estão inoperantes. Conclusão: subindo e descendo dez andares. A idade pesa, o corpo reclama, mas em tudo damos graças!   

Bom, mas o quero mesmo falar é do que resultou disso tudo. Hoje, dei mais uma limpeza na soleira da minha porta e levei o tapetinho de borracha para lavar no andar de cima. Levei, lavei e pendurei no varal. Vou entrando pela porta de vidro quando estaco, petrificada: uma barata de proporções avantajadas segue na minha frente, toda ela à vontade como se estivesse em sua casa. Como assim? Uma barata nos tempos de hoje? Ainda existem baratas? Aqui não, depois de anos do extermínio dó último espécime que vi. Com a tecnologia e a modernidade dos aparatos, produtos de limpeza e tal, não vimos nem vemos mais baratas. Mas lá estava ela. E era gigantesca.

Sem ter ninguém a quem recorrer no momento, liguei meu modo selvagem de largada e pelada na floresta como se topasse com um animal feroz. Virei bicho e parti pra cima dela com a vassoura na mão. Indispensável dizer que gritos aterradores saíam de dentro de mim, sem que eu pudesse controlá-los. Os golpes com a vassoura eram uníssonos com os gritos. Ou seja, matar, eu mato, mas grito. A barata que andava indolentemente, disparou a mil por hora, tentando se livrar da louca que a perseguia, afinal, barata viva é sinal de grande perigo.  

Agora chega a parte do terror. Como apareceu a barata? De onde? Tudo limpinho, um céu azul de morrer às sete horas da manhã! Isso é hora de barata? Deduzo: o apartamento ao lado está vago há séculos, evidentemente sem limpeza, e aquela água avassaladora deve ter trazido todos os insetos existentes para fora. A baratona deve ter se alojado por baixo de meu tapetinho quando procurava refúgio e lá sentiu-se salva. Em outras palavras, eu subi com a barata nos braços, não propriamente na minha pele, no tapetinho. A bandida da barata que sobrevive até às guerras e explosões nucleares, sobreviveu ao tsunami ocorrido no meu hall. Não posso nem pensar que ela poderia ter passado do tapetinho para meu corpo, isso é absolutamente repugnante e aterrador, como foi o filme alien da década de noventa.

A barata pode até desaparecer, mas o medo sempre ficará. Eu sobrevivi para contar.

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