quarta-feira, 15 de junho de 2016

O PENSAMENTO DOS OUTROS





Estava assistindo a um seriado do gênero fantástico pela televisão e algo me fez pensar: a protagonista ganhou de um alienígena um colar com um pingente que lhe dava o poder de ouvir os pensamentos das outras pessoas. Amedrontada, ela se recusou a usar tal apetrecho, pois como estavam em um bar, logo um barulho infernal se instalou em sua cabeça, e só aos poucos é que ela identificou o pensamento de uma pessoa e outra. Bem, qual não foi sua surpresa ao chegar ao ambiente de trabalho e constatar o que pensavam seus colegas, por exemplo, um pensou: “ah como esta moça é antipática”, uma colega também pensou: “coitada, ela não sabe que não se usa mais este tipo de roupa”. No entanto, ao se dirigirem diretamente a ela, exclamaram: “bom dia!”, “você conseguiu terminar aquele projeto?”. A moça ficou arrasada, deprimida mesmo. É verdade que ela não era muito sociável, mas era amável com todos e nunca pensou que eles pudessem vê-la de tal e tal maneira.
Aí fiquei pensando - e se cada um de nós também ganhasse o pingente que faz ouvir pensamentos? O que será que pensam de nós? Melhor não saber. Há quem diga: não me importa o que pensam de mim. É fato, porém em tese, na teoria, não na prática. Gostamos que gostem de nós, gostamos de elogios, não gostamos de críticas. Dizem também que as críticas constroem e os elogios destroem. A crítica já destruiu muita gente e o elogio também. Cada um é que tem que fazer bom uso de um e de outro para seu próprio crescimento. Eu gosto de elogio, o elogio é um incentivo. A crítica me faz sofrer, mas me faz pensar, refletir e crescer. Posso seguir em frente um tanto machucada, mas é fato que crescemos é no sofrimento. Não podemos ser reféns de elogios, mas não podemos ser reféns da crítica também, ou seja, não podemos deixar que as críticas nos destruam.
Somos humanos, demasiadamente humanos. No filme do seriado, os dois colegas de trabalho da garota eram boas pessoas, tinham pensamentos bons e pensamentos maus. Todos nós estamos sujeitos aos maus pensamentos, mas podemos melhorar, podemos crescer. Quando a gente tem um mau pensamento acerca de uma pessoa, se nos colocarmos no lugar dela, imediatamente reformulamos nosso pensamento, pois o que não desejamos para nós, não desejamos para os outros, bem, isso se temos um pingo de caráter, um pingo de humanidade, um pingo de caridade. Não temos responsabilidade sobre o caráter dos outros, mas sobre o nosso sim.  
Certa vez li que uma pessoa deveria ser o que é em qualquer lugar, até e principalmente em sua casa, sozinha. Quero dizer, se alguém come com elegância em lugar público, também deveria fazê-lo em sua privacidade. Se não falamos mal de determinada pessoa para outra porque não é correto, também não deveríamos pensar mal dela. É que ocultamente achamos que estamos incólumes, que ninguém nos julgará. Santa ingenuidade, ledo engano, é preciso cuidar do caráter, ou do espírito, como cuidamos do corpo porque as coisas ocultas às vezes escapam sem que a gente perceba. Sta. Teresa de Ávila sabiamente já dizia: “Nunca penseis que há de ficar oculto o bem ou o mal que fizerdes”, ao que eu, ousadamente, acrescento: também o bem ou o mal que pensardes. Os pensamentos e as emoções são como crianças desordenadas nos primeiros tempos de escola. É preciso vigiá-los constantemente.
 Enfim, gente, é melhor não usar o pingente, é melhor não saber o que pensam de nós. O melhor mesmo é que cuidemos do nosso pensamento em relação aos outros, isso sim.
Vamos melhorando ...    







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