Dizem que casamento é
loteria, pura sorte, e também afirmam que é agulha no palheiro, quer dizer, bem
poucos dão certo. A princípio o casal se estranha, depois se estranha um pouco
mais ainda e depois se acostuma, se acomoda. Um percebe que o jeito do outro é
assim mesmo e o melhor a fazer é se adaptar ou se separar. É fato incontestável
que o casamento nunca será igual ao namoro, isso não. Se até os amigos depois
de uma longa viagem, compartilhando o mesmo quarto podem se estranhar e até
mesmo se decepcionar, que dirão os casais em uma longa jornada de vida? Uma
coisa é conviver no idealizado, aprontando para sair com roupas bonitas e maquiagem,
com ares de mistério, sussurros ao pé do ouvido. Outra é chegar cansado, aborrecido,
e desejar mais do que nunca estar só. Dizem que ocupar o mesmo banheiro é desastroso
para a união de um casal, já brincava um amigo meu enfatizando que um casamento
é feito de maus humores e maus odores.
No geral, todo mundo pensa
que seu casamento dará certo, pouquíssimos mais racionais e objetivos são capazes
de antever um pouco como será depois, a grande maioria não vê nada. O amor é
cego. Amor, amor não, paixão. Para que o amor nasça e renasça diariamente, é
preciso fazer das tripas o coração, como minha mãe costumava dizer. Por
exemplo, segurar um pouco para não brigar por pouca coisa como no caso da
gordura na cozinha, da famosa pasta de dentes em cima da pia, da toalha molhada
no chão, do marido que reclama porque a carne queimou, e outras coisinhas que
dá para relevar. A pior coisa que existe é uma mulher megera, mal humorada e o
mesmo se aplica aos homens. Homem mal humorado destrói qualquer relacionamento.
Muitas mulheres juram de pé
junto que seu casamento será diferente do que foi o de sua mãe, prometem a si
mesmas que não repetirão os erros, mas existe um abismo imenso entre a teoria e
a prática. Sem que se possa explicar, uma crise é desencadeada e às vezes por
motivos bobos, por coisas pequenas que vão se acumulando como uma bola de neve
que não para de crescer nunca mais. Conheci homens que tratavam e tratam suas
mulheres como se fossem rainhas e elas, por sua vez, acabavam por tratá-los
como reis. Teoricamente, a gente recebe o que dá. Mas de fato há casos e casos,
e há casamentos que nunca deveriam ter acontecido.
Percebi que de fato eu era
feliz em meu casamento quando eu já me preparava para confidenciar a meu marido
que havia aprendido com ele a economizar um pouco, a conter meus impulsos
consumistas, e qual não foi minha surpresa quando ele, antes que eu falasse
qualquer coisa, me confidenciou que aprendera comigo a não ser tão rígido com
as economias, a se permitir gastar mais em coisas que lhe dão conforto e prazer!
Fizemos trocas e adquirimos aprendizados, que não se restringiram apenas à área
econômica, mas em muitas outras. Não tem jeito, casamento é cumplicidade,
companheirismo, é cuidado um com o outro, é compreensão, e acima de tudo, de uma
boa dose de perdão diário, indiscutivelmente.
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