terça-feira, 20 de setembro de 2016

DANIEL DIAS - O CARA - O MAIOR NADADOR PARALÍMPICO DA HISTÓRIA!







             O cara é de Camanducaia, mineiro como nós, uai! Daniel Dias encerrou sua participação nos Jogos Rio 2016 com chave de ouro, quero dizer, com quatro medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze. Nas últimas três Paralimpíadas (Rio 2016, Londres 2012 e Pequim 2008) ele faturou um total de vinte e quatro medalhas, assim conseguindo um lugar notável, digno de semideus: o maior nadador paralímpico do mundo. E é brasileiro, é do Brasil.
            Li um depoimento de sua mãe sobre o filho notável. Ela conta que Daniel veio ao mundo com 37 semanas, pesando 1,970 kg e medindo 41 centímetros. Quando soube que ele não tinha os pés e nem as mãos, chorou muito e pediu forças a Deus. Disse ela que a primeira vez que ela e seu pai o viram, ele, bebezinho recém-nascido, sorriu quando sentiu o carinho em sua pele. Com quase três anos ele teve que sofrer uma cirurgia para poder usar prótese. Sua mãe fala dos momentos de lutas, de lágrimas e de vitórias. Ela enfatiza que o filho é um jovem especial, não por ser deficiente, mas por ser como ele é.
            Refleti sobre a importância dos pais na vida de uma criança deficiente, seja física ou mental. Em uma entrevista pela televisão, Daniel disse que sua mãe não “passava a mão em sua cabeça”, dava-lhe tarefas. Ele mesmo aprendeu a arrumar sua cama, a lavar o que sujava, a estudar. Enfim, ela o educou para a vida, queria que ele estivesse preparado para enfrentar obstáculos e vencê-los. Quanto a ser o maior nadador paralímpico da história, bem, certamente ela não ousou sonhar tanto, pois jamais imaginava que ele fosse seguir o caminho dos esportes e conquistar tantas vitórias.
            Fez-me lembrar de Jacques Lusseyran, um herói cego da Resistência Francesa que conta em sua autobiografia façanhas consideradas impossíveis às pessoas. Quando os companheiros da Resistência queriam saber se tal pessoa era confiável, levavam-no à presença de Jascques. Ele conta que a pessoa jamais suspeitava que ele fosse capaz de ler sua voz como se fosse um livro. Ele ainda menino, apostava corridas com outro garoto que enxergava, e ganhava sempre. Tendo perdido a visão em um acidente, com 7 anos, ele aprendeu a se direcionar pelo barulho do vento, pelas folhas que farfalhavam, mas ele aprendeu muito mais do que isso: aprendeu que a força de sua vida estava dentro dele e havia outros olhos que não os do corpo. Dizia: “Negaram-me os olhos de meu corpo. Outros olhos se abririam em mim: eu o sabia e queria. Jamais me veio uma dúvida sobre a equidade de Deus... eu próprio permanecia íntegro, descobrindo que bastava pensar nas coisas para que elas existissem e bastava querê-las para que me fossem liberadas. Sendo cego, eu apenas tinha de querê-las mais intensamente do que outras pessoas ... o mundo é duplo, triplo, incontável e sempre novo.”
            Parece que Daniel Dias descobriu também esta essência, este segredo. Não se fixou nas impossibilidades, mas na força que ele sabia possuir dentro de si. Já conquistava o mundo sem nem saber que os poetas há séculos já diziam a quem quisesse ouvir que um desejo é mais importante do que uma fortuna, e que um sonho é bem capaz de pesar mais do que ferro e aço.
            Na entrevista, alguém lhe perguntou se ele não tinha momentos tenebrosos ou de simples mau-humor, pergunta cabível e apropriada, uma vez que só vemos um largo e franco sorriso em sua face em todas as fotos. Ele respondeu que sim, que também era humano como qualquer pessoa. Só ele sabe de suas lutas e tal como Jacques diz em seu livro, ele já havia aprendido que “não é sempre fácil ser diferente.”
            Valeu Daniel, obrigada pelas conquistas, parabéns por você ser uma pessoa tão especial, por você ser quem você é.             
           


            

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