O
chamado cometa planeta C/2017 S3 PANSTARRS poderá ser visto a olho nu agora em
agosto próximo, talvez 15 ou 16. Este planeta foi descoberto em 23 de setembro
de 2017 pelo telescópio PANSTARRS, no Havaí. A missão deste telescópio é
detectar asteroides próximos da Terra que possam significar ameaça para nosso
planeta. Dizem que este cometa parece ser uma verdadeira explosão de brilho que
deverá fazer uma aproximação máxima com o Sol, mais do que o planeta Mercúrio.
O astrônomo amador austríaco Michael Jäger registrou a viagem do cometa que tem
uma atmosfera de 260.000 km de diâmetro, quase o dobro do diâmetro do planeta
Júpiter. Ele vem se aproximando do Sol rapidamente e ninguém sabe o que poderá
acontecer. Existe uma chance de esse planeta ser visto a olho nu, porém mais na
região norte e nordeste ou talvez ninguém veja nada se tudo explodir.
Bom,
mas e daí? Gente, pode ser o fim, sim senhor. Afinal, é um planeta que nunca
saiu da casa dele, lá na fria e longínqua Nuvem de Oort, uma comunidade repleta
de cometas. De repente ele resolve fazer um giro pelo nosso Sistema Solar, e
vem que vem, à toda. Se for para destruir nossa velha e querida Terra, que
seja. Prefiro assim do que pelas bombas com explosões nucleares tão ameaçadoras.
Pode
ser que sua passagem tão rente ao sol faça apenas algumas mudanças na Terra,
suposições poéticas da cronista que escreve este texto porque não tenho nem
terei nenhum conhecimento ou embasamento geológico, físico, astronômico ou de
qualquer área deste tipo. Mas suponhamos que depois de um intenso clarão, o
Brasil seja dividido em dois ou três, que Minas se desprenda do Brasil e que
finalmente tenha seu mar e vá sem rumo ao sabor das ondas do Atlântico,
parodiando Saramago em “A jangada de
pedra”. Talvez o Irã vá parar nas portas da Casa Branca ou a Síria no coração
da Europa.
Mas
de repente este cometa pode ser apenas um planeta pacífico e lindo de morrer
que cansado da vida monótona da Nuvem de Oort, queira dar uma volta e se
mostrar magnificamente pra nós explodindo em brilhos nunca vistos por aqui. Que
lindo!
Não
posso falar nessas aparições de cometas que me emociono com a história de meu
avô, pai de minha mãe, um homem simples da roça que nem cheguei a conhecer. Minha
mãe dizia que se ele tivesse podido estudar, teria sido cientista e astrônomo
porque ele tinha fascinação pelo céu. Vivia olhando as estrelas, sabia os nomes
e gostava de ler a respeito. Pessoalmente, acho que ele estava mais para um
poeta. Então, em maio de 1910, o cometa Halley foi visto absolutamente em toda
a sua majestade. Meu avô que sabia de tudo, que lia jornal e ouvia rádio,
dirigiu-se para o alto de um monte e lá ficou na hora marcada de olho no céu,
sozinhinho, ao entardecer. Depois que a bola cheia de brilho e fogo passou
girando perfeitamente visível a olho nu, palavras dele, meu avô voltou para
casa pisando no ar, mais fascinado que Moisés quando recebeu as Tábuas da Lei.
Parecia até que o cometa tinha borrifado vapor d’água que brilhava na cauda bem
direto no rosto dele, tamanho o brilho que trazia na cara ao falar sobre o
cometa.
E
não é que eu, lendo “A duração do dia” de Adelia Prado, dou com uma frase que
ela colocou para ilustrar dois poemas seus que falam da Via Láctea e de
Esplendores: “Um resplandor na mata igual um dia” (Velha mulher falando de
quando viu o cometa de Halley). Tal como meu avô, esta mulher ficou estupefata
ao ver a tal bola cheia de brilho e fogo. Eram pessoas simples do campo, mas de
olho no céu de onde vêm e veem coisas incríveis.
Pois
que venha C/2017 S3 PANSTARRS. Seja bem-vindo! Mas que venha cheio e brilho e
de paz que por aqui estamos precisando disso demais da conta. Também venha nos
saciar com sua rara beleza e espantosos resplendores porque este universo é
bonito demais para caber em nossa vida tão pequena com sonhos tão grandes. Mas
que seria legal Minas sair pelo mar afora, ah isso seria!
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