Há pouco tempo postei uma crônica já
mais antiga, “Quem canta seus males espanta” em que cito a famosa passagem de
Jesus com Marta e Maria. Como uma cereja traz outra cereja, logo nasceu o poema
Marta e Maria que amei fazer. Então, guardei um comentário da amiga Zali Alkmin
que achei muito legal. Ela disse: “seu texto me fez lembrar de uma reunião
realizada em minha casa com o Padre Geraldo Barbosa e um grupo de jovens! Eu,
tentando servir um lanche e ao mesmo tempo participar dos diálogos! Padre
Geraldo então me falou: sossega um pouco, você quer ser Marta ou Maria? Todos
riram quando eu respondi: quero ser as duas!...”
Querida Zali, o fato é que nós
mulheres, “somos desdobráveis”, já dizia Adélia Prado. Assim fomos feitas, está
em nosso DNA. Somos mulheres, mães (eu não sou mãe mas sou cuidadora por
excelência, instinto maternal todas temos ou quase todas), trabalhamos fora de
casa, em casa, trabalhamos na Igreja com diversas funções, somos conselheiras,
enfim, fazemos de tudo. Eu sempre brinco que Jesus curou a sogra de Pedro
"que logo se pôs a servi-los” (Lucas, 4,38) porque decerto Ele e seus
discípulos estavam famintos e não havia outra mulher por perto, e afinal, esta
era a função que ela mais amava. O que seria dos homens sem nós, mulheres?
Que bom que somos desdobráveis, mas
fiquemos atentas, gente, para saber a diferença entre ação e agitação, pois
realmente, o que Jesus condenava não eram os trabalhos de Marta, mas a agitação
com que ela se entregava a eles. Também é fato que fomos criadas para sermos
Martas, pelo menos as mulheres de minha geração. Porém acredito que isto esteja
de fato em nossa fantástica condição de mulher. É da nossa natureza e acho
lindo que assim seja. É só chegar alguém que a gente já põe a água no fogo para
fazer um café, e logo algum filho ou o marido pergunta: “beeem, onde está
aquela calça assim, assim?” E nós sabemos tudo. Estamos sempre atentas,
vigilantes em nosso amor. Nosso olhar abarca tudo, tipo assim 360 graus. Somos
capazes de perceber que fulano não comeu direito, que beltrano está triste, e
lá vamos olhando o assado no forno, sem perder nada.
Como não me lembrar de minha mãe,
sempre tão trabalhadeira, vindo do mercado? Rindo muito, ela dizia que se não
tivesse outra coisa para apresentar a Deus depois de sua morte, mostraria as
sacolas pesadas com que nos sustentava. Ainda ensinava o corte e costura e
jamais perdeu uma cerimônia da Semana Santa. Era uma mulher enamorada de Deus,
ou seja, desdobrável ao máximo, era Marta e Maria.
Bem
dizem que não deveria existir o “Dia Internacional da mulher” porque todo dia é
para se comemorar a grandiosidade de ser mulher. Repito, somos desdobráveis, somos Marta e Maria, e sem dúvida que Jesus sabia.
E em sua sabedoria, Ele só quis alertar Marta a pisar no freio, que mal algum não
lhe faria.
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