Abandonei
o computador e minhas ideias para crônicas por hoje. O momento de limpeza
urgia, ainda mais depois que vi o esfregão Mop que implorava para ser lavado.
Aliás, sou muito grata ao esfregão Mop, confesso que minha vida de escritora
melhorou muito, minha vida de casada também, cem por cento depois que adquiri
este inestimável companheiro para dividir as tarefas comigo, sem precisar
mergulhar na água suja.
Olha,
a coisa não ficou só na área não, já subi com tudo e lavei o outro banheiro.
Perdido por um, perdido por mil. Quando desci, vi o pó em cima da mesa de
vidro. Chega, de verdade, este pó vai ficar aí, até amanhã ou depois, quem
sabe. Crônica hoje, não, hoje vou para a televisão, para um seriado ou um filme
qualquer. Vou ler também. E principalmente vou rezar, tenho que aprender a
repartir as horas e não deixar a oração por fazer.
Os
homens têm uma visão bem diferente sobre a limpeza da casa. Meu marido limpa
sim, pega no pesado, a parte de cima é dele. Só que depois eu tenho que fazer
uns ajustes, um acabamento, sabe como é? Puro perfeccionismo meu. Ele faz a
comida e eu limpo tudo. Mas às vezes minha cervical dói, então ele diz: vai
deitar, eu vou dormir e depois arrumo tudinho. Limpa sim, em quinze minutos. Depois
eu dou um jeitinho melhor, mas não foi uma nem duas vezes que vi folha de
repolho grudada no prato já lavado e no escorredor. Não falo nada, não reclamo
porque eu sou um amor!
Nunca
tive vida de rainha ou de princesa. Aposto que a Lady Di nunca lavou nem
enxugou uma xícara, nem espanou, nem varreu, nem nada. Já, eu, bem novinha,
tinha as tarefas que minha mãe determinava. Minha irmã ficava com a arrumação
da casa e eu da cozinha. Ai que preguiça, vindo do colégio, queria botar as
pernas pro alto e ler. Mas eu arrumava direitinho. Já meus três irmãos, que bom
que nenhum deles vai ler esta crônica, nada faziam. Minha mãe dizia que eram
homens, e só as mulheres deveriam fazer este tipo de serviço. Nossa irmãzinha
caçula ainda era bem pequena, era dispensada. Hoje em dia, coitadinha, também trabalha
muito.
Por
hoje é só gente, tá ruim, mas tá bom. Aquela crônica que eu queria escrever, aquela que tive uma grande inspiração, vou
ter que deixar para a próxima semana. Minha vida é como eu conto no meu poema
“Espetáculo da Vida”:
“De dia escrevo, lavo a
louça, varro o chão.
À noite eu sonho
E nesta vida paralela
eu componho
Os versos que ainda
moram no meu coração.”
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