Geralmente,
pela quarta-feira já sei do que vou falar, ou melhor, escrever. Não gosto de
buscar algo já publicado para reprisar. Não, prefiro um texto novo, mesmo que a
gente fale sobre alguma coisa já falada. Escrever é a mesma coisa que falar. Em
casa, em família ou mesmo entre amigos, acabamos por falar coisas já faladas.
Então, com a escrita acontece o mesmo. Qual é o problema? Há sempre outros
modos de encarar um assunto, outros ângulos ainda não explorados.
Então,
vou à minha Pasta de Ideias (copiei esta expressão que achei ótima, de minha
sobrinha) e exploro o assunto. Agora, por que escolhi o título ESCREVAM? Porque
justamente hoje li um artigo da Rachel de Queiroz em que ela fala como era
procurada por novos escritores, principalmente mulheres que lhe pediam
conselhos sobre a arte de escrever. E o título de seu artigo é NÃO ESCREVAM. A
famosa escritora desfia um rosário de argumentos para que não procurem este
ofício. Diz ela que é um aprendizado penoso, um caminho de agruras. É um “girar
em torno de si próprio, do próprio umbigo, da própria alminha, do próprio
mundinho interior”. Ah, isso é sim. É verdade. Também acho. Não há como escapar
disso. Toda semana minha alma vai para o papel, ou melhor, para a tela do
computador.
Muitos
escritores falam isso, sobre derramar a alma no papel. Já conversei com
diversas pessoas que dizem sentir vontade de escrever. Pois que ESCREVAM. Há
que se ter coragem porque se desnudar assim para os outros não é para qualquer
pessoa. Rachel de Queiroz afirma em seu artigo que não há prazer na criação,
apenas fadiga, decepção e fracasso. Hummm, aqui no meu minúsculo quadradinho,
vou ousar discordar. Para mim há prazer sim. Bem, às vezes sinto um mega prazer
porque realmente gostei de ter escrito tal e tal artigo. Mas já deletei muitos
pela metade, para não dizer que rasguei a folha do papel. Para publicar, eu
tenho que gostar. Escrever mecanicamente, isso não. Simone de Beauvoir dizia
que “não se pode escrever nada com indiferença”. Quando desisto pela metade é
porque minha alma não estava ali. Pode crer.
Aqueles
que queiram escrever, insisto que ESCREVAM porque é gostoso. Se é que posso dar
conselhos, na minha humilíssima opinião, ainda que não tenham me pedido,
escrevam de alma aberta, como se fala a um amigo. Imagine que está diante de um
amigo, com uma taça de vinho ou uma xícara de café. O texto de uma crônica pode
ser qualquer um, pode ser engraçado ou triste. Não necessita de comprovação
científica. Ou escrevam como se fosse para seu Diário, falando sobre algo que
aconteceu ou que você gostaria que tivesse acontecido.
Para
os que não querem nem almejam escrever nada, ao menos leiam para se distraírem,
que mal não faz. Paz!
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