domingo, 13 de novembro de 2022

EM BUSCA DA GAIVOTA - Antes e depois

 

O ano, não sei precisar, início dos anos 80, certamente. Foi minha primeira viagem, Buenos Aires, “Bariloche”, Lagos Andinos, subindo o Chile por toda sua extensão, seguindo as Cordilheiras dos Andes. A imagem parecia um maravilhoso bolo de noivas confeitado com suspiros branquinhos. Paramos em Puert Montt, depois Santiago, Vinha Del Mar, Valparaiso, como não me lembrar? Eu, Sandra, Musa e Fernando.

Em Bariloche fizemos um passeio de barco, parando na Isla Victoria e Bosque de Arrayanes. Ao sabor das ondas no lago Nahuel Huapi, tivemos a oportunidade de posar para uma foto individual dando bolachinhas para as ruidosas gaivotas que sobrevoavam o barco. Fiquei um pouco apreensiva com a ave se aproximando, quando senti um puxão na bolacha. Esqueci o fato. Depois de alguns dias apareceu o fotógrafo em nosso hotel para nos passar as fotos. Imagine só: a minha foto foi a única que pegava a gaivota bicando a bolachinha. Todos os outros participantes não tiveram esse carinho. Era a gaivota pra lá e a bolacha pra cá, mas a minha! Que linda!

Sempre quis voltar a Bariloche. Poderia em qualquer tempo, mas não o fiz antes, por que será? Não sei. Guardava imagens vagas do hotel, dos lugares lindos, pudera, quantos anos depois! Só que apenas agora de algum tempo pra cá me acossou um desejo sôfrego de voltar àquela cidade linda. E não é que no momento em que a simpática Carol da CVC me mostrava imagens de hotéis, eu me deparei com o hotel em que ficamos hospedadas há quase quarenta anos! Fui inundada de recordações, sempre comprovando que envelhecer é viver de saudades, emoções e lembranças. Realmente, coincidências à parte, foi o momento exato, preparado pelo destino, vida, chamem lá do que quiserem. O fato é que eu percorri o velho hotel, o saguão onde o fotógrafo nos entregou as fotos, localizei até o quarto onde ficamos.

Só faltava rever a gaivota! Lógico que estou brincando, gente, mas quem sabe foi uma descendente direta daquela! Nada foi fácil, juro! Ventava frio pra caramba! Era uma fotógrafa muito jovem. Diferentemente do fotógrafo daquela época, ela foi logo me dizendo que não tinha bolachas, que eu providenciasse. Subi para o convés, quase desisti. O quê? Desistir o quê? Eu? Nunca! Comprei a bolacha, desci, entrei na fila. Tiritando de frio, fui me deliciando com a proximidade do momento. Até que enfim! Demorou, eu de braço em riste, firme esperando pela gaivota. Ela veio feliz, eu mais ainda! Agora, quatro décadas depois, eu a encarei nos olhos e ela me encarou também. Eu era só felicidade! Como sou romântica! Como mereci este reencontro!

Não fui com o maridão. Se até já fui de lua de mel para Portugal com minha irmã, agora fui para Bariloche de lua de mel com minha prima Lígia! Minha lua de mel com o marido é todo dia, toda hora, em todo o tempo e qualquer lugar.

Vale dizer que a gaivota não era a mesma, tampouco eu. Sou mais eu agora, mais feliz, mais

livre! Não é por nada que a gaivota é um símbolo de magia e liberdade!

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