Outro
dia eu segui a orientação de minha irmã e fui assistir no youtube a um vídeo
que falava sobre o Milagre Eucarístico ocorrido em Itaúna, acho que em 2004. A
sacristã e Ministra da Eucaristia “Fia” relata os detalhes que envolveram o
milagre. Ela foi a pessoa diretamente ligada ao fato, pois foi quem viu pela
primeira vez o vidro com água que continha as hóstias consagradas transformadas
em água sanguinolenta e pedaços de carne, tal como ocorreu no Milagre de
Lanciano. Evidentemente que qualquer relato envolvendo o Milagre Eucarístico é
comovente. Faz a gente ficar pensativa e meditar sobre o que não pode ser
explicado pela ciência. Mas o que me moveu a escrever foi sobre a pessoa da
Fia.
Fia
é pessoa simples, direta, não se preocupa com sua imagem. Fala bem, explica
como se estivesse contando o que ocorreu para uma pessoa da família. No momento
em que ela se deparou com aquela cena, ela soube imediatamente que caberia a
ela guardar em seu coração este segredo para só relatar ao Pároco que por sua
vez iria relatar ao Bispo, tudo a seu tempo. Todo o cuidado com a beleza e
santidade do fato seria pouco. É claro que chegaria o momento em que todos na
cidade, no país e no mundo ficariam sabendo. Mas naquele momento era necessário
o silêncio. E Fia guardou este silêncio como um tesouro. “Nem para minha mãe”,
disse ela. O silêncio é um tesouro.
E
quando Deus se manifesta, Ele sabe para quem, Ele escolhe. São pessoas
predestinadas, santas ou a caminho da santidade. Deus conhece as pessoas para
quem distribui pérolas. Ele sabe de todas as coisas. E eu que falo tanto, vou
aprendendo a falar menos, a falar o essencial, não falar o que não é preciso.
Já me arrependi muitas e muitas vezes por falar demais.
O
silêncio me fascina porque ele já carrega algo de sagrado. O silêncio se
preenche. Não há necessidade de falar. Um tempo de silêncio é um tempo sagrado.
Penso muito no silêncio de Nossa Senhora que em tudo pensava e guardava em seu
coração. Penso no silêncio dos santos. Penso em Santa Teresinha que dizia:
“Bendito silêncio que tanta paz infunde na alma.”
Ninguém
disse a Fia que ela deveria manter o milagre ainda escondido. Ela sabia em seu
coração. Fiquei emocionada com o milagre e com a pessoa da Fia. Gostaria de ser
como ela. Quando ela conseguiu achar o padre e o levou até à Sacristia, ao
mostrar o vidro, o padre ficou perplexo, qualquer pessoa ficaria. Ele precisou
se sentar. Mas Fia não se abalou nem um instante. Ela disse algo como: nunca
tive nenhuma dúvida de que Jesus está na hóstia consagrada, portanto, nada mais
natural do que o sangue e carne estarem ali presentes. Ela se ajoelhou diante
do vidro com água e sangue da mesma maneira que sempre se ajoelhou diante da
hóstia consagrada.
A
quem interessar, assista ao depoimento de Fia depois de dezesseis anos do
milagre ocorrido. Encantou-me o silêncio da Fia. E finalizo com Santa Teresa de
Ávila que ainda hoje li, sobre a Regra de sua Ordem: “No silêncio e na
esperança estará a vossa fortaleza.” (Isaias, 30,15)
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