quarta-feira, 12 de outubro de 2022

A INCRÍVEL DANUZA LEÃO

 

 

Fui surpreendida hoje cedo com a notícia da morte de Danuza Leão. Sempre fui admiradora da modelo, jornalista e escritora, li quase todos seus livros, adorava suas crônicas. Falava tudo sem medo, era brincalhona, mordaz e verdadeira. Foi uma mulher intensa, com relacionamentos intensos, uma mulher independente por natureza, vivendo numa época em que as mulheres eram contidas. Danuza era extrovertida, de uma “alegria escandalosa”, como ela mesma dizia. Tinha grande sucesso social, conheceu e conviveu com gente do cinema internacional, escritores famosos como Simone Beauvoir, pintores, costureiros de Alta-costura, modelos e artistas de toda a espécie.

Danuza Leão foi casada com Samuel Wainer, jornalista fundador do extinto jornal “Última Hora”, com quem teve três filhos. Mais tarde casou-se com Antônio Maria, jornalista e cronista e com o jornalista Renato Machado.  

Escrevia de maneira simples, fácil, como quem está contando um fato na mesa da cozinha, tomando um vinho e comendo um sanduiche. No seu livro “Quase tudo”, ela relata fatos incríveis, lembranças preciosas e experiências fantásticas.

No livro “Quase tudo”, Danuza conta com muita graça e bom humor um episódio de sua vida de mocinha no Rio de Janeiro, numa época em que faltava luz, com hora marcada, e também faltava água: “A cada vez que eu saía do quarto e deixava a luz acesa, ouvia a frase ‘apague essa luz, eu não sou sócio da Light’. Sempre faltava água, vivíamos com a banheira, panelas e baldes cheios. O banho era de cuia, mas quando a água chegava, eu ia correndo para o chuveiro – abria-o por um minuto, para molhar o corpo, fechava, me ensaboava, e abria de novo para tirar a espuma. Até hoje sigo essa rotina e sou incapaz de desperdiçar luz ou água”.

Selecionei algumas frases interessantes ditas por ela:

- Acho que a humanidade se divide em dois tipos de pessoas: as que usam guarda-chuva e as que não usam. (ela não usava)

- Para viver uma paixão é preciso renunciar à própria vida.

- Pensar muito e raciocinar muito podem impedir, às vezes, que a vida aconteça.

- A vida me deu tudo o que poderia dar, de bom e de ruim. Nada me foi poupado: ela me foi completa nos dois sentidos.

- Não sei se não tenho personalidade alguma ou se tenho muitas, tal a minha capacidade de me virar pelo avesso.

- Aprendi que a vida pode ser boa sem muito dinheiro.

- Descobri que sou mesmo uma pessoa solitária.

Essa era Danuza, modelo e jornalista, personalidade marcante da cultura carioca do século XX. Como modelo, foi a primeira brasileira a desfilar no exterior.

Valeu Danuza!     

Nenhum comentário:

Postar um comentário