Fui
surpreendida hoje cedo com a notícia da morte de Danuza Leão. Sempre fui
admiradora da modelo, jornalista e escritora, li quase todos seus livros,
adorava suas crônicas. Falava tudo sem medo, era brincalhona, mordaz e
verdadeira. Foi uma mulher intensa, com relacionamentos intensos, uma mulher
independente por natureza, vivendo numa época em que as mulheres eram contidas.
Danuza era extrovertida, de uma “alegria escandalosa”, como ela mesma dizia.
Tinha grande sucesso social, conheceu e conviveu com gente do cinema
internacional, escritores famosos como Simone Beauvoir, pintores, costureiros
de Alta-costura, modelos e artistas de toda a espécie.
Danuza
Leão foi casada com Samuel Wainer, jornalista fundador do extinto jornal
“Última Hora”, com quem teve três filhos. Mais tarde casou-se com Antônio
Maria, jornalista e cronista e com o jornalista Renato Machado.
Escrevia
de maneira simples, fácil, como quem está contando um fato na mesa da cozinha,
tomando um vinho e comendo um sanduiche. No seu livro “Quase tudo”, ela relata
fatos incríveis, lembranças preciosas e experiências fantásticas.
No
livro “Quase tudo”, Danuza conta com muita graça e bom humor um episódio de sua
vida de mocinha no Rio de Janeiro, numa época em que faltava luz, com hora
marcada, e também faltava água: “A cada vez que eu saía do quarto e deixava a
luz acesa, ouvia a frase ‘apague essa luz, eu não sou sócio da Light’. Sempre
faltava água, vivíamos com a banheira, panelas e baldes cheios. O banho era de
cuia, mas quando a água chegava, eu ia correndo para o chuveiro – abria-o por
um minuto, para molhar o corpo, fechava, me ensaboava, e abria de novo para
tirar a espuma. Até hoje sigo essa rotina e sou incapaz de desperdiçar luz ou
água”.
Selecionei
algumas frases interessantes ditas por ela:
- Acho
que a humanidade se divide em dois tipos de pessoas: as que usam guarda-chuva e
as que não usam. (ela não usava)
- Para
viver uma paixão é preciso renunciar à própria vida.
- Pensar
muito e raciocinar muito podem impedir, às vezes, que a vida aconteça.
- A
vida me deu tudo o que poderia dar, de bom e de ruim. Nada me foi poupado: ela
me foi completa nos dois sentidos.
- Não
sei se não tenho personalidade alguma ou se tenho muitas, tal a minha
capacidade de me virar pelo avesso.
-
Aprendi que a vida pode ser boa sem muito dinheiro.
-
Descobri que sou mesmo uma pessoa solitária.
Essa
era Danuza, modelo e jornalista, personalidade marcante da cultura carioca do
século XX. Como modelo, foi a primeira brasileira a desfilar no exterior.
Valeu
Danuza!
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