sábado, 9 de julho de 2016

UM POUCO DE MIMO: QUEM NÃO APRECIARIA VIVER EM DOWNTON ABBEY?




            Assisti a toda a série de Downton Abbey, aliás, preciso conferir se ainda não chegou nova temporada. Esses nobres ingleses, mesmo decadentes no início do século XX, sabiam muito bem do que era feito o prazer. Ah que luxo! Percebo que o que mais chama a atenção de todo mundo que comenta comigo sobre o seriado é o fabuloso staff de empregados com seus impecáveis uniformes. O mordomo, Mr Carton, que graça, que elegância, que competência! E a bondade e compreensão da governanta, Mrs. Hughes! Eu queria muito ser como ela! E as roupas das condessas, as tiaras de pérolas, nossa que lindo! E a descida para o jantar em trajes a rigor, luvas compridas, a prataria, os cristais, o vinho servido. Fala a verdade, gente! Que beleza, como dizia minha amiga Sandra. Lógico que tanto a história como a vida real da nobreza tem que ter intrigas, onde é que já se viu um castelo inglês com tantos nobres e empregados, sem intrigas?
Faz-me lembrar de minha amiga querida, ex colega BB, quando fomos transferidas para outra cidade. Aconteceu que a agência do banco de Itajubá cortou metade dos funcionários e muitas de nós estávamos na lista. Da noite pro dia fomos trabalhar em uma agência de Guaratinguetá, e confesso que foram meses muito divertidos antes que deixássemos definitivamente o banco, sinto saudades. Certa vez em viagem, cogitamos de irmos nós todas para um castelo na Inglaterra, onde trabalharíamos como criadas, fazer o quê? Mas minha amiga, sempre genial, disse que melhor não, pois tinha ouvido dizer que também por lá estavam fazendo cortes na criadagem! E nós, como estrangeiras, seríamos as próximas.
            Bem, em meu apartamento não temos empregados, nem uma empregada, tenho apenas uma pessoa que vem de 15 em 15 dias fazer uma limpeza mais pesada, tendo em vista que não mais trabalho fora de casa, e assim tenho algum tempo livre. Então, nós damos conta, meu marido se encarregando da cozinha, e eu cuidando da limpeza da casa e da roupa, em tese. Damos conta nada. Por exemplo, ontem fez uma semana que a moça veio, e para meu desconsolo, eu passo os olhos por qualquer canto da casa e tudo está sujo, não sei por onde começar a limpar. A princípio adotei o método 1: limpar um cômodo de cada vez, seguindo os dias da semana. Não deu certo, temos mais cômodos que dias da semana. Passei a seguir o método 2: em cada dia da semana limpo uma gaveta e uma prateleira da cozinha, uma parte de cada armário dos quartos, e tiro o matinho de cada vaso. Também não deu certo. Mesmo que eu seguisse à risca, quando chegava o último dia da semana, a primeira gaveta já estava pra lá de suja. E é forno que suja, é geladeira que suja. E a gente tem que descansar, tem que escrever, tem que ler, e um monte de outras coisas como sair para o supermercado, farmácia, banco, ficar de bobeira, ver um filme, um seriado, etc. Ah esqueci de dizer: ainda tem o ócio criativo que é muito importante para quem escreve ou para quem não escreve também. Não tenho tido tempo para o ócio criativo! Então gente, é superimportante ficar sem fazer nada, digo, deixar os pensamentos irem e virem a bel prazer. Simplesmente não dou conta da casa. E olhe que tem outras coisas pra fazer como namorar. Este último item não pode jamais ser negligenciado.   
            E a roupa? Vai para a máquina, que foi feita para lavar roupas, mas não é tão simples assim, a gente tem que dar uma esfregadinha em certas roupinhas porque a máquina não vai limpar tudo direito. Para roupas brancas, sigo o que me ensinou minha prima Inácia, boa enfermeira vestida de uniforme branco que foi a vida toda: deixa de molho e depois esfrega com sabonete Palmolive branco. Fica um primor. Mas não pode deixar acumular. Não contem para ninguém, mas já houve dia em que tive que lavar 15 panos de pratos de uma vez só. Não tenho vocação para dona de casa. Odeio limpar a casa, confesso de peito aberto, assim como odeio fazer exercícios físicos. Quero tudo pronto.
            Enfim, e aí gente? fala a verdade, e Downton Abbey? Que coisa de louco! Eu dispensava a criada de quarto para me ajudar a me vestir, isso não precisava. Mas encontrar tudo limpinho, ah isso eu queria sim. E também de vez em quando, um jantar em alto estilo, um vestido daqueles chiquíssimos, ah, e também um chá com leite cremoso servido de bandeja com aqueles bolos ingleses perfumados, também queria uma tiara daquelas que a Lady Di usava, podia ser de bijuteria. E mais uma coisinha: só uma empregada e mais outra para cobrir a folga da uma. Com tudo isso, nunca mais eu queria ver um pano de prato sujo na minha vida. Também esqueci de outra coisa: tem que caminhar todo santo dia, o médico mandou, gente. Ou eu caminho ou eu cuido da casa. Fui.                       

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