sábado, 23 de abril de 2016

De Misa para teisa Rosa e as outras meninas lindas





Passo os olhos pelas postagens neste estranho mundo do Facebook, vejo uma foto linda, em preto e branco. Cinco moças sorridentes exibem sorrisos, mais do que sorrisos, risos despudorados de alegria. Não fazem pose, sem dúvida é uma foto natural. Sigo em frente, vejo uma coisa, outra. De repente paro. Rolo a barra para cima. Volto na foto. Já conheço este velho aceno dentro de mim. Tal como um detetive que não perde a mania de farejar indícios de um possível crime, minha sensibilidade sempre movida pela busca de ternura é ativada por um alarme interior. Fico estática diante da foto. Meu coração bate forte. É aquela respiração ofegante dos arqueólogos que tremem as mãos ao pegar o pincel e tirar a poeira do objeto de um milhão de anos. É um tesouro, e fui eu que achei. Esta foto tem algo mais, meu faro sensível já tem certeza, não erra nunca. Não posso deixar passar batido. Aqui tem coisa, quero dizer, aqui tem ternura pura, dessas que enchem os olhos e o coração. Convoco as palavras. Meninas! Avante ao trabalho!
Olho para os rostos. Não as conheço, a não ser por uma delas que é mulher de um primo meu, uma garota adorável. Entretanto, as outras têm feições que não me são estranhas, digamos que são coisas da genética, algo que denuncia sua ascendência, traços atávicos, jeitos, olhares, enfim, coisas que fariam minha mãe dizer: “parece gente dos Lopes, ou, lembra os Abreu, ou ainda, tem qualquer coisa dos Mendonça”. Não as conheço, de fato, mas aí é que está o encanto, o supor, o inventar, o imaginar. Para mim, já são personagens que já fazem parte de minhas histórias. Foram colegas de escola, mais do que isso, tornaram-se amigas, fizeram planos para o futuro, trocaram confidências, compartilharam segredos, lágrimas. Tinham códigos que só elas compreenderiam, quase uma linguagem própria, ininteligível para os estranhos, objeto de estudo que faria os linguistas delirarem em suas teses.  
Foi um encontro, um aniversário, ou uma festa, um encontro de amigas, isso. Mas o motivo não importa, tanto faz. A foto captada num momento passado torna-se presente para sempre, aquela alegria devidamente registrada para a posteridade. Imagino que suas filhas ou suas netas um dia olharão para a foto e dirão encantadas: olha, que lindas! Assim como eu hoje olho as fotos antigas e, de olhos fechados, retomo a cena, tal qual num set de filmagem. Foi assim que chamei de “Vida” uma foto de primos e irmãos de minha mãe. Dois rapazes ajoelhados e três em pé exibem sorrisos radiantes. Comentando com meu tio já velhinho há muitos anos, ele me disse: “éramos pobres, sem um tostão no bolso, trabalhávamos na canjiqueira, mas éramos jovens, bonitos e felizes”. Nunca me esqueci.
 As meninas da foto já voltaram para suas vidas, para seu dia a dia, para seu trabalho, para seus filhos. Os momentos difíceis vêm e vão como sempre têm vindo para todos nesta vida incerta, caótica e maravilhosa.  Nada garante que os sorrisos perdurem, não, ninguém garante nada nesta vida, a não ser neste exato momento em que eu própria sorrio enquanto escrevo e observo a vida pulsando nesses rostos bonitos e semblantes felizes. Mas para os momentos difíceis não faltarão abraços apertados, mãos entrelaçadas e a ternura, a bendita ternura, sem a qual não posso viver.

Parabéns meninas! Parabéns pela foto! Parabéns pelos sorrisos que me encantaram! Vocês me emocionaram!

6 comentários:

  1. Sensibilidade pura nos olhos e coração da autora!

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  2. Sensibilidade pura nos olhos e coração da autora!

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  3. Parabéns a você pela ternura nas palavras que enchem nosso coração e olhos de água e amor!!

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  4. Parabéns a você pela ternura nas palavras que enchem nosso coração e olhos de água e amor!!

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  5. Não tinha visto aqui no blog querida Misa, não tem como não ficar até lisongeada. Ficamos muito felizes pelo encontro, que ficou eternizado nas suas palavras tão ternas

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