Passo
os olhos pelas postagens neste estranho mundo do Facebook, vejo uma foto linda,
em preto e branco. Cinco moças sorridentes exibem sorrisos, mais do que
sorrisos, risos despudorados de alegria. Não fazem pose, sem dúvida é uma foto
natural. Sigo em frente, vejo uma coisa, outra. De repente paro. Rolo a barra
para cima. Volto na foto. Já conheço este velho aceno dentro de mim. Tal como
um detetive que não perde a mania de farejar indícios de um possível crime,
minha sensibilidade sempre movida pela busca de ternura é ativada por um alarme
interior. Fico estática diante da foto. Meu coração bate forte. É aquela
respiração ofegante dos arqueólogos que tremem as mãos ao pegar o pincel e tirar
a poeira do objeto de um milhão de anos. É um tesouro, e fui eu que achei. Esta
foto tem algo mais, meu faro sensível já tem certeza, não erra nunca. Não posso
deixar passar batido. Aqui tem coisa, quero dizer, aqui tem ternura pura,
dessas que enchem os olhos e o coração. Convoco as palavras. Meninas! Avante ao
trabalho!
Olho
para os rostos. Não as conheço, a não ser por uma delas que é mulher de um
primo meu, uma garota adorável. Entretanto, as outras têm feições que não me
são estranhas, digamos que são coisas da genética, algo que denuncia sua ascendência,
traços atávicos, jeitos, olhares, enfim, coisas que fariam minha mãe dizer:
“parece gente dos Lopes, ou, lembra os Abreu, ou ainda, tem qualquer coisa dos
Mendonça”. Não as conheço, de fato, mas aí é que está o encanto, o supor, o
inventar, o imaginar. Para mim, já são personagens que já fazem parte de minhas
histórias. Foram colegas de escola, mais do que isso, tornaram-se amigas,
fizeram planos para o futuro, trocaram confidências, compartilharam segredos,
lágrimas. Tinham códigos que só elas compreenderiam, quase uma linguagem
própria, ininteligível para os estranhos, objeto de estudo que faria os linguistas
delirarem em suas teses.
Foi
um encontro, um aniversário, ou uma festa, um encontro de amigas, isso. Mas o
motivo não importa, tanto faz. A foto captada num momento passado torna-se
presente para sempre, aquela alegria devidamente registrada para a posteridade.
Imagino que suas filhas ou suas netas um dia olharão para a foto e dirão
encantadas: olha, que lindas! Assim como eu hoje olho as fotos antigas e, de
olhos fechados, retomo a cena, tal qual num set de filmagem. Foi assim que
chamei de “Vida” uma foto de primos e irmãos de minha mãe. Dois rapazes ajoelhados
e três em pé exibem sorrisos radiantes. Comentando com meu tio já velhinho há
muitos anos, ele me disse: “éramos pobres, sem um tostão no bolso, trabalhávamos
na canjiqueira, mas éramos jovens, bonitos e felizes”. Nunca me esqueci.
As meninas da foto já voltaram para suas
vidas, para seu dia a dia, para seu trabalho, para seus filhos. Os momentos
difíceis vêm e vão como sempre têm vindo para todos nesta vida incerta, caótica
e maravilhosa. Nada garante que os
sorrisos perdurem, não, ninguém garante nada nesta vida, a não ser neste exato
momento em que eu própria sorrio enquanto escrevo e observo a vida pulsando
nesses rostos bonitos e semblantes felizes. Mas para os momentos difíceis não
faltarão abraços apertados, mãos entrelaçadas e a ternura, a bendita ternura,
sem a qual não posso viver.
Parabéns
meninas! Parabéns pela foto! Parabéns pelos sorrisos que me encantaram! Vocês
me emocionaram!
Sensibilidade pura nos olhos e coração da autora!
ResponderExcluirSensibilidade pura nos olhos e coração da autora!
ResponderExcluirParabéns a você pela ternura nas palavras que enchem nosso coração e olhos de água e amor!!
ResponderExcluirParabéns a você pela ternura nas palavras que enchem nosso coração e olhos de água e amor!!
ResponderExcluirObrigada! Muito obrigada!
ResponderExcluirNão tinha visto aqui no blog querida Misa, não tem como não ficar até lisongeada. Ficamos muito felizes pelo encontro, que ficou eternizado nas suas palavras tão ternas
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